Protesto exige abertura de diálgo e negociação para rever demissões
O presente que o Santander concedeu aos bancários neste final de ano não foi o esperado. Desde o final de novembro, o banco espanhol passou a demitir, sem explicações, bancárias e bancários com mais de 10 anos de serviço na instituição. As demissões ocorrerão até esta sexta-feira (7) e podem totalizar mais de 5 mil demitidos.
Tudo começou com 40 dispensados na Torre Santander, em São Paulo. No Rio Grande do Sul, já são mais de 60 bancários no olho da rua. Em Caxias do Sul, 10 funcionários foram demitidos em 10 dias (praticamente um por dia). A esse cálculo cruel ainda precisa ser acrescido mais um fator: todos os dez demitidos possuem mais de dez anos de banco.
Bancários fecham agência principal em Caxias
Em Caxias do Sul, como forma de protestar contra essas demissões, os bancários paralisaram a agência Centro do Santander, localizada na Avenida Júlio de Castilhos, na manhã desta quinta, dia 6. Foram estendidas faixas que exemplificam o desrespeito do banco não apenas com os bancários, mas também com os clientes, uma vez que as demissões geram sobrecarga de trabalho aos poucos bancários que restam e, consequentemente, mais filas.
Além das faixas, os diretores do Sindicato dos Bancários de Caxias do Sul distribuíram um panfleto que mostra a situação do banco no Brasil e os problemas gerados pelas demissões.
Ao demitir tantos funcionários, o Santander desrespeita o Brasil e os trabalhadores bancários. Isso provocará sobrecarga de trabalho, mais assédio moral pelo cumprimento de metas, mais estresse e mais adoecimento dos bancários.
Lucro
O lucro da instituição chegou aos R$ 5,7 bilhões até setembro, o que representa 26% do lucro mundial do banco espanhol. E os indicadores não mentem: o Santander tem a sua maior fatia de lucro no Brasil.
Manifestações
Os bancários estão se manifestando em todo o país. Nas principais cidades, capitais e localidades do Brasil, agências estão sendo paralisadas e manifestações ocorrendo.
O objetivo dos bancários é cessar com as demissões, garantir a manutenção do emprego e gerar novos postos de trabalho. Em Porto Alegre, durante todo o dia de ontem (5), os bancários fecharam o Santander Cultural, na Praça da Alfândega.
Nelso Bebber, diretor do Sindicato e bancário do Santander, salienta a preocupação com a categoria que está sofrendo com as demissões. “Uma demissão é sempre ruim, pior ainda na véspera de Natal, quando as famílias se preparam para as festas de final de ano e as férias. Essas pessoas que estão sendo demitidas são pais ou mães de família que, ao invés de ter uma alegria, estão tendo uma grande decepção”, reforça o dirigente sindical.
“Na nossa região da Serra gaúcha, uma região próspera de negócios, o Santander deveria abrir mais agências, ao invés de reduzir o quadro de funcionários. E a fórmula é aquela já conhecida: menos funcionários geram mais assédio moral, mais doenças e pior atendimento ao cliente”, destaca Nelso.
Providências
A Contraf-CUT já buscou algumas soluções para o problema. Foram enviadas duas cartas: uma ao ministro do Trabalho e Emprego, Brizola Neto, solicitando que o governo implemente medidas para forçar o Santander a renegociar as demissões. A outra carta foi enviada ao presidente do Santander Brasil, Marcial Portela, solicitando uma reunião para discutir a questão.
As demissões no Santander revelam a falta de preocupação do banco com a saúde e a qualidade das condições de trabalho dos bancários. Os bancos devem acabar com a alta rotatividade, promover melhores condições de trabalho e se preocuparem com o crescimento do país.
“Por isso, exigimos a reintegração dos desligados e a manutenção dos empregos dos trabalhadores”, reitera o funcionário do banco e secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr.