HSBC lucra cada vez mais no Brasil, mas funcionários não recebem sua parte

O Brasil está ganhando cada vez mais importância dentro da estratégia de negócios do HSBC. Isso porque os ganhos do bancos inglês no país crescem mais rápido do que em nações desenvolvidas. As afirmações são de Alex Hungate, diretor global do HSBC Holdings para a área de varejo bancário, aquisição de clientes, canais de distribuição e marketing, em matéria do jornal Valor Econômico.

O texto destaca que, em 2006, o Brasil “entrou no seleto grupo de países que contribuem com mais de US$ 1 bilhão no resultado global do banco (lucro antes de impostos)”. Com isso, se tornou crucial para o objetivo do banco de atingir obter 60% de lucro em emergentes.

“Se o Brasil tem tamanha importância para os planos globais do banco, isso deve se refletir em valorização para os funcionários brasileiros, os maiores responsáveis por todo esse crescimento”, cobra Sérgio Siqueira, diretor-executivo da Contraf/CUT. “Isso começa com a contratação de novos bancários e a melhoria das condições de trabalho. Não há justificativa para negar essas reivindicações”, argumenta.

Leia a íntegra da matéria do Valor Econômico:

Brasil ganha destaque em integração global do HSBC

Valor Econômico

As estratégias do HSBC apontam cada vez mais para um integração entre as diversas unidades espalhadas por 83 países ao redor do mundo. A começar pelo slogan, “The world´s local bank” (algo como o banco local do mundo), até a recém-divulgada meta de obter 60% dos lucros em mercados emergentes.

Isso se reflete em produtos e serviços cada vez mais unificados e semelhantes, que sejam oferecidos em qualquer agência do grupo. Dentro dessa visão, o Brasil assume um papel cada vez mais relevante, segundo Alex Hungate, diretor global do HSBC Holdings para a área de varejo bancário, aquisição de clientes, canais de distribuição e marketing.

Segundo ele, o Brasil é crucial para atingir a meta de 60% de lucro em emergentes. “A unidade brasileira cresce mais rápido do que os negócios em países desenvolvidos, mantendo o foco em crescimento orgânico”. Em 2007, o banco entrou no seleto grupo de países que contribuem com mais de US$ 1 bilhão no resultado global do banco (lucro antes de impostos).

“O HSBC é um banco global. E um banco global sem uma presença no Brasil não faz sentido. Temos uma posição realmente muito boa e isso é importante nesse momento promissor que o pais vive”, relata o executivo em viagem de dois dias a São Paulo e Curitiba (sede do banco).

Além disso, o grupo pretende cada vez mais integrar o atendimento do cliente, com contas correntes que possam ser acessadas de qualquer lugar do mundo e com ofertas de investimentos em fundos de diversos países.

O carro-chefe nessa estratégia foi o lançamento mundial da conta Premier, no fim do ano passado. Voltado para um público de renda média-alta, a modalidade oferece serviço pessoal de conta corrente, com reconhecimento internacional. “Onde quer que esteja, o cliente será reconhecido nas agência do HSBC”.

Também responsável pela área de marketing, ele avalia que houve um desenvolvimento da marca HSBC no país. Mundialmente, ela já é reconhecida como a 23ª mais valiosa. “Cada ano estamos mais perto em termos de reconhecimento de marca. Hoje estamos na mesma categoria dos maiores bancos brasileiros. Isso reflete o desempenho do banco no Brasil”.

Hungate assumiu o posto no HSBC em setembro do ano passado. Antes disso, ocupou diretoria da Reuters para Ásia. Na agência, visitava o Brasil anualmente, mas há quatro anos não aterrissava por aqui. “Percebi muitas mudanças na cidade (São Paulo) com muitas construções e novos prédios”. Esse evidente boom da construção, aliado ao crescimento da renda da população, também anima o executivo pelo avanço dos financiamentos imobiliários, um dos pontos que espera maior desenvolvimento.

Outra aposta esta nos investimentos da alta-renda (conhecido como wealth management). Dentro desse segmento, complementou Paulo Maia, vice-presidente executivo do banco no Brasil, ganha cada vez mais força a atividade de intercâmbio de fundos de investimentos. O grupo, disse ele, é muito forte no setor mundialmente e os fundos brasileiros também já são exportados para todo o mundo, principalmente para clientes da Ásia e da América Latina.

Nem mesmo a crise dos mercados globais abalou a confiança do executivo. “Estou otimista com o Brasil, que se beneficiou dos preços das commodities e tem condições de controlar a inflação”. Hungate avalia, no entanto, que os problemas no mercado de crédito e de residências nos Estados Unidos não serão resolvidos até “pelo menos o fim de 2009 ou início de 2010”. Na Europa o desaquecimento deverá continuar até 2010.

“Por outro lado, vemos países da América Latina, como o Brasil, e parte da Ásia com consistente crescimento e bons fundamentos econômicos. A questão é saber se esses países conseguirão isolar os problemas de inflação. Se conseguirem, estamos otimistas que irão manter o crescimento em bons níveis apesar os problemas nos EUA e Europa”.

Ele lembra que o HSBC foi o primeiro banco a identificar os problemas do mercado americano do subprime no fim de 2006, ou seja, seis meses antes de a crise se aprofundar (em agosto de 2007). “Mais recentemente, fomos um dos primeiros a alertar para os riscos da inflação global. Essa é uma tendência que nos preocupa, puxada pelos preços das commodities e de energia. Estamos preocupados que isso resulte em desaceleração do crescimento da economia global”.

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