A “maioria esmagadora” do Parlamento Europeu quer uma taxa sobre as transações financeiras de 0,5% que poderia render cerca de 200 bilhões de euros por ano aos 27 países do bloco comunitário. Foi essa a demanda reiterada ontem pelo presidente do Parlamento, o socialista alemão Martin Schulz, na reunião da cúpula europeia.
Os parlamentares europeus têm pouco poder – ainda. E refletem o pensamento geral da população, o que levou a elite reunida no Fórum Mundial de Economia, em Davos, na Suíça, a admitir a necessidade de “corrigir o capitalismo”. Cedo ou tarde, a taxação sobre bancos parece inevitável.
Correndo atrás na disputa pela eleição presidencial, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, anunciou domingo que a França não vai esperar os outros países da União Europeia e aplicará taxação de 0,1% sobre as transações financeiras a partir de agosto, quando provavelmente nem estará mais no poder. A taxa pode render 1 bilhão de euros por ano aos cofres franceses.
Já na Alemanha, a coalizão de Angela Merkel está dividida, com seus parceiros liberais sem querer ouvir falar sobre o assunto. Mas Merkel sabe que o tema é mobilizador e ela também enfrenta a eleição já em 2013.
Para Schultz, a taxa “é uma questão de equidade: os que foram responsáveis pela crise não podem sair dessa situação com lucros que se cifram em bilhões, enquanto os contribuintes pagam o preço da especulação”, afirmou.
O Parlamento defende também os eurobônus’. Lançar emissões comuns com taxa de juros pouco elevadas permitiria atenuar a crise da dívida e estabilizar o sistema bancário. Para Schultz, os eurobônus seriam uma arma potencial “contra a especulação e a explosão das taxas de juros”. Os alemães continuam resistindo à ideia, achando que, no fim, são eles que vão pagar a conta.
Terceiro ponto, o Parlamento quer uma agência europeia de classificação de riscos para “colocar fim ao monopólio americano” sobre notas de crédito e avaliar com critérios claros e que os interesses sejam transparentes.
O presidente do Parlamento Europeu martelou diante dos líderes que os cidadãos não compreendem como eles perdem tempo sobre modificação de tratado, quando a questão é saber como tirar a Europa da crise, e rápido.
Ele lembrou que 45 milhões de pessoas estão desempregadas na Europa, um triste recorde que deve perdurar por algum tempo. Pior, 5 milhões de jovens com até 24 anos não têm emprego. Na Espanha, o desemprego dos jovens atinge 50%. “Uma geração quase inteira se encontra sem perspectivas de futuro, o risco é de explosão de uma sociedade no seu conjunto”.