Manifestantes na Paulista por conscientização e criminalização da homofobia
Centenas de milhares de pessoas ocuparam a avenida Paulista no domingo (10), durante a 16ª Parada do Orgulho LGBT, em São Paulo. Na linha de frente do evento, políticos e militantes afiavam o discurso de embate à homofobia. No chão, gays, lésbicas e simpatizantes se aglomeravam em clima festivo.
O casal de namorados Luiz Costa e Rafael Silva chamava a atenção de quem passava pels fantasias de policiais. Porém, não perderam o compromisso com os temas da Parada. “Muitas vezes a gente sofre preconceito e chacota, na rua, e hoje é o dia de extravasar nosso orgulho, mas sem perder o nosso foco.”
Quem corrobora o discurso de Costa é o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ). “A festa também é política. Você abrir um espaço como a avenida Paulista, no coração da cidade, para expor seu ponto de vista, é um ato político, vai fazer com que as pessoas reflitam. Mesmo se for uma festa, traz visibilidade”, explicou o deputado.
O ex-vereador e arquiteto Nabil Bonduki também se mostrou favorável à mescla entre festa e política. “Acho que elas devem andar juntas. Esse é o grande carnaval de São Paulo, mas é possível unir os dois sentidos, sem prejudicar o movimento.”
O estilista Alexandre Herchcovitch concorda: “É importante qualquer tipo de manifestação que busque igualar os direitos dos cidadãos, independente de ser uma festa ou um ato político, o que fica é a mensagem de respeito.”
O discurso que aliava festa e política era o mais adotado entre os participantes e ativistas, mas vozes discordantes surgiram. Tatiana Bergontini, integrante da Ação Pró PLC 122 Abrangente, distribuía panfletos e adesivos na avenida Paulista a favor do Projeto de Lei 122, que criminaliza a homofobia, e apontava o que para ela é o “grande desencontro da Parada”.
“Eu acho que o clima de festa atrapalha, pois o evento se torna uma máquina de fazer dinheiro e entretenimento e deixamos de lado a discussão que importa, os nossos direitos”, disse Tatiana.
Bancários
Os bancários participaram da Parada ao lado da CUT/SP (Central Única dos Trabalhadores do Estado de São Paulo), que pelo décimo ano consecutivo participa da manifestação. Nesta 16ª edição, o coletivo LGBT esteve presente no segundo trio elétrico, do total de 14 que tomaram a Avenida Paulista.
Os representantes dos trabalhadores distribuíram a “Cartilha LGBT – Conhecer, entender e respeitar, sim… discriminar, não”, que, dentre os diversos assuntos abordados, orienta para os casos de discriminação no local de trabalho.