A Contraf-CUT, federações e sindicatos dos bancários defenderam o emprego e reafirmaram propostas para evitar demissões no Santander, durante a reunião do Comitê de Relações Trabalhistas, ocorrida nesta quinta-feira, dia 10, na Torre do Santander, em São Paulo. Os representantes do banco disseram que “não há qualquer política de demissão em massa ou redução de quadros, apenas rotatividade normal de empregados (turn over natural)”.
Os dirigentes sindicais cobraram o fim das demissões e rejeitaram a rotatividade. “Não admitimos em hipótese alguma demissões no Santander, visto ser o Brasil o responsável por um terço do lucro mundial da instituição, além da clara falta de funcionários nas diversas unidades do banco”, afirmou o coordenador da Comisão de Organização dos Empregados (COE) do Santander, Marcelo Sá.
“Não há justificativa para dispensar trabalhadores, diante do lucro de R$ 7,382 bilhões em 2010 no Brasil, que foi fundamental neste momento de profunda crise financeira na Espanha e na União Europeia”, reforçou o secretário-geral da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr.
Os bancários reafirmaram a necessidade de realocação de funcionários atingidos pelo processo de integração tecnológico do banco e defenderam a prorrogação da licença remunerada pré-aposentadoria (“pijama)” até 31 de agosto de 2011. O banco respondeu que “os processos de recrutamento interno e de realocação de pessoas continuam em vigor”, mas negou a manutenção do “pijama”, vencido em 31 de agosto de 2010, alegando que “o processo já cumpriu o objetivo”.
As entidades sindicais ressaltaram que continuarão reivindicando a prorrogação do “pijama”, salientando a enorme demanda dos trabalhadores aptos a aderir e a existência da mesma prática no Santander em outros países, como Espanha e Uruguai. “Os bancários brasileiros querem o mesmo tratamento, ainda mais que hoje um terço do lucro mundial do Santander é produzido no Brasil”, enfatizou Marcelo Sá.
Eleições no SantanderPrevi
Os sindicalistas reivindicaram o cancelamento das recentes eleições do SantanderPrevi e a abertura de negociações para discussão e elaboração de novo processo eleitoral, democrático e transparente. “Não houve divulgação de edital e os participantes foram impedidos de se candidatarem, o que é antidemocrático”, denunciou Ademir.
Também foi solicitada a migração de todos os planos de previdência complementar no Santander para o Banesprev, onde são eleitos inclusive dois dos quatro diretores, além de paridade no Comitê de Investimentos, tendo sido proposta a formação de um grupo de trabalho para analisar o assunto.
Os representantes do banco responderam que “não houve qualquer alteração no processo eleitoral, que ocorreu nos moldes dos anteriores e dentro da lei”. No entanto, eles disseram que o banco “avaliará as reivindicações apresentadas nesta reunião de cancelar o processo eleitoral do SantanderPrevi, migrar para o Banesprev todos os planos de pensão do banco e constituir um grupo de trabalho para tratar do tema”.
Outros assuntos
Os dirigentes sindicais também focaram outros assuntos, muitos pendentes de reuniões anteriores, como as condições de trabalho nas agências. “Queremos discutir questões como a contratação de funcionários, o fim das metas individuais, o fim das metas para os funcionários da área operacional, o fim das reuniões diárias para cobrança de metas nas agencias; a venda responsável de produtos financeiros, o desvio de função (coordenadores fazendo trabalho de caixa), o acordo de compensação de horas extras e o fechamento de centros operacionais”, frisou o diretor da Federação dos Bancários do RJ-ES, Paulo Garcez.
O banco ficou de confirmar até segunda-feira, dia 14, o agendamento de uma reunião específica do grupo de trabalho sobre condições de trabalho nas agências, bem como uma reunião para retomar os debates sobre os problemas no Call Center.
Ainda foram debatidas reivindicações dos funcionários com deficiência. As entidades pediram informações sobre emprego, demissões e aposentadorias no banco, além de acesso ao portal do RH através da internet para dirigentes sindicais liberados e empregados afastados.
Leia a íntegra da ata.
Ata da reunião do Comitê de Relações Trabalhistas do Banco Santander Brasil, realizada no dia 10 de março de 2011, na Torre Santander.
Participantes:
Pelo Banco – Jerônimo Tadeu dos Anjos, Renato Franco, Marcos Schmitz e Fabiana Ribeiro.
Pela representação sindical – Marcelo Sá, Ademir, Zé Reinaldo, Garcez, Bino, Eric, Vera Marchioni, Cristiano, Mario Raia, Marcelo Gonçalves, Alberto, Paulino, Rosani, Edivaldo e Renan.
I. Pendências de reuniões anteriores
1. Pessoas com deficiência – PCD
Pela representação sindical:
Para uma comunicação mais eficiente para com o trabalhador com deficiência auditiva, o banco ficou de analisar a possibilidade de:
– disponibilizar a resposta do chamado efetuada pelo celular via SMS desde que solicitado;
Vale Transporte e Estacionamento para os trabalhadores com mobilidade reduzida.
– Reivindicamos que o banco conceda ao bancário com deficiência que não tenha condições de utilizar o transporte publico e o ATENDE e que utilize o transporte próprio para seu deslocamento, uma ajuda de custo no valor igual ao que ele teria direito no percurso de sua residência ao local de sua lotação, a título de ajuda deslocamento. Assim como arcar com o custo do estacionamento nestes casos.
Cadeira motorizada para PCD.
– O banco ficou de levantar onde e como adquirir o equipamento para atender a necessidade dos trabalhadores.
Acesso aos elevadores da Torre
– Ajustar a configuração dos elevadores para melhorar o atendimento aos cadeirantes; buscar alternativa para os trabalhadores com deficiência visual e fazer um levantamento junto aos trabalhadores com deficiência para saber sobre a adaptação.
A representação sindical solicitou a informação do Banco sobre a quantidade de trabalhadores com deficiência, o tipo de deficiência e a lotação.
Libras: Os trabalhadores pedem que haja tradução simultânea para os participantes da reunião.
Vale Transporte e Estacionamento: os trabalhadores pedem que o banco atenda às necessidades diferenciadas do trabalhador que não seja atendido pelo transporte público e o ATENDE. Quando o trabalhador não for atendido pelo ATENDE e transporte público, a representação sindical exige que seja dada isenção no pagamento de estacionamento, bem como seja concedido pagamento de auxílio às despesas de transporte.
Pelo Banco:
O Banco informa que tem hoje cerca de 2600 Pessoas com Deficiência em seu quadro de funcionários, superando o percentual legal.
Ademais o Banco reforça que o tema PCD está inserido em amplitude de diversidade de gênero, de raça, de opção sexual de maneira que tem direcionado inúmeras ações para trabalhar estes grupos, bem como implementar ações específicas.
Notadamente com relação ao tema PCD’s e em resposta às reivindicações, esclarece que:
– resposta SMS aos chamados para o grupo com deficiência auditiva: neste momento resta prejudicado, porém, o banco analisa a implementação de respostas via SMS para todos os processos. De qualquer sorte, hoje o deficiente auditivo, bem como os demais é plenamente atendido nas respostas de chamados.
– vale transporte e estacionamento: o Banco esclarece que o funcionário PCD tem prioridade de vagas em seus prédios administrativos com custo diferenciado e, para tanto, basta o funcionário realizar o pedido através dos canais de administração predial dos respectivos prédios. Com relação à ajuda extraordinária voltada para transporte, o Banco informa que não há como realizar pagamentos diferenciados neste sentido e que qualquer funcionário que careça de uma ajuda extraordinária deve endereçar o pedido para o Comitê de Ajuda Extraordinária
– cadeira motorizada para PCD: o Banco informa que tem analisado e atendido boa parte dos pedidos de ajuda tanto para aquisição de cadeira de rodas quanto para eventual troca de cadeira de rodas manual para motorizada de forma que realiza ações além deste pleito.
– acesso aos elevadores da Torre: o Banco informa a representação dos trabalhadores de que o Edifício JK – Torre é o empreendimento com maior acessibilidade aos portadores com deficiência, atingindo o nível percentual de 98% de acessibilidade. Neste quesito acessibilidade com a amplitude de rampas de acesso, acesso vertical, portas, sanitários, copa, refeitório, balcão de atendimento universal e sinalizações internas. No quesito elevadores todos os chamados têm sido atendidos em prazo máximo de 30 segundos.
Banco irá avaliar se é possível fornecer as lotações, bem como, o tipo de deficiência dos funcionários PCD’s.
Pela representação sindical:
A representação sindical reivindica que as vagas de estacionamento não tenham custo para os funcionários com deficiência, bem como a concessão de uma ajuda para o deslocamento dos trabalhadores que encontram dificuldade para utilizar transporte público.
2. Condições de Trabalho nas Agências
Pela representação sindical:
– Adesão do Grupo Santander Brasil ao instrumento previsto na CCT 2010/2011 sobre Assédio Moral.
– O banco se comprometeu a enviar orientação interna para todos os gestores de agências que: Caixas não têm meta e que os mesmos não serão avaliados pela venda de produtos. Solicitamos cópia desta orientação.
– Agendar reunião específica para dar continuidade ao GT para debater:
. Contratação de funcionários;
. Fim das metas individuais;
. Fim da metas para os funcionários da área operacional;
. Fim das reuniões diárias para cobrança de metas nas agencias;
. Venda responsável de produtos financeiros;
. Desvio de função – coordenadores fazendo trabalho de Caixa.
. Acordo de compensação de horas extras;
. Fechamento de centros operacionais;
.Em relação à cobrança de metas para caixa, foi solicitado que o banco faça uma orientação por escrito para a rede, pois esse tema já vem sendo debatido há anos e problema persiste.
A representação sindical propõe uma reunião específica, indicando a data de 29 de março, a ser confirmada pelo Banco até dia 14 de março.
3. Call Center
Pela representação sindical:
A representação sindical propõe que seja realizada reunião específica para dar continuidade às discussões sobre condições de trabalho dos funcionários, indicando a data de 23 de março, a ser confirmada pelo Banco até dia 14 de março.
4. Pijama
É enorme a demanda de trabalhadores pela prorrogação da cláusula de Licença Remunerada Pré-aposentadoria, reivindicamos sua prorrogação para 31 de agosto de 2011, quando vence o atual Acordo Aditivo à CCT. De acordo com última ata: “o Banco …informa que irá discutir, internamente, esse tema”.
Pelo Banco:
O Banco reitera que o processo já cumpriu o objetivo, visto a regra de transição estabelecida no último ACT firmado, o qual extinguiu as cláusulas da Licença Remunerada Pré Aposentadoria a partir de 01/09/2010.
Pela representação sindical:
As entidades sindicais reforçam a necessidade de manutenção desse instrumento negociado, neste momento de integração tecnológica do banco, salientando a demanda dos trabalhadores em aderir e a existência da mesma prática no Santander em outros países, como Espanha e Uruguai. Os trabalhadores brasileiros querem o mesmo tratamento, ainda mais que hoje um terço do lucro mundial do Santander é produzido no Brasil.
5. Fechamento de centros operacionais
A representação sindical cobrou uma resposta para o compromisso firmado na reunião anterior: “O Banco fará o levantamento sobre o assunto e dará retorno para a Representação Sindical.”
Pelo Banco:
O Banco informa que algumas C.O.s foram fechadas e que grande parte dos empregados já foram direcionados para a rede de agências.
Pela representação sindical:
A representação sindical retomará a discussão no GT de condições de trabalho nas agências.
II. Pauta Nova
1. Demissões no Santander
As entidades de representação têm recebido diversas denúncias sobre demissões concentradas no período pós-integração nas concentrações. A representação dos trabalhadores não admite em hipótese alguma demissões no Banco Santander, visto ser o Brasil o responsável por um terço do lucro mundial da instituição além da clara falta de funcionários nas diversas unidades do Banco. Exigimos o fim imediato das demissões e que o banco aborte qualquer processo que esteja em andamento.
Pelo Banco:
O Banco informa que não há qualquer política de demissão em massa ou redução de quadros, apenas rotatividade normal de empregados (turn over natural). Ao contrário, informa que o quadro de empregados aumentou de 2009 para 2010, conforme dados do balanço social, lembrando que em virtude dos reflexos da licença remunerada deverá haver uma pequena redução em 2011. Entretanto o banco se compromete a avaliar eventuais casos que o movimento sindical encaminhar. Informa que os processos de recrutamento interno e de realocação de pessoas continuam em vigor e que o banco busca aproveitar seus empregados. O banco ressaltou que o mercado está bastante aquecido e que tem havido grande procura por profissionais do banco.
Pela representação sindical:
A representação sindical reafirma a importância de manutenção dos empregos e direitos dos trabalhadores, condenando qualquer processo de demissões. Não há justificativa para dispensar trabalhadores, diante da enorme lucratividade do Santander no Brasil e da falta de funcionários na rede de agências e nas demais unidades do banco.
2. SantanderPrevi
Pela representação sindical:
Em consonância com a carta enviada ao Banco em 21/01/2011 denunciando que o banco havia aberto o processo eleitoral para os conselhos Deliberativo e Fiscal do Santander Previ sem discutir com os funcionários, mais uma vez descumprindo acordo firmado com os trabalhadores, reivindicamos o cancelamento imediato do processo eleitoral em andamento e a abertura de negociações para discussão e elaboração de novo processo eleitoral, democrático e transparente.
Além disso, reivindicamos a migração de todos os planos de previdência complementar do Grupo Santander para o Banesprev e propomos a formação de um grupo de trabalho para analisar o processo.
Pelo Banco:
O Banco informa que não houve qualquer alteração no processo eleitoral, que ocorreu nos moldes dos anteriores e dentro da lei. Informa que há diversas ações judiciais discutindo o tema. Informa, porém, que avaliará as reivindicações apresentadas nesta reunião de cancelar o processo eleitoral do SantanderPrevi, migrar para o Banesprev todos os planos de pensão do banco e constituir um grupo de trabalho para tratar do tema.
3. Seguradora
Pela representação sindical:
Tendo em vista a recente aliança entre o Banco Santander e a seguradora Suiça Zurich, a representação dos trabalhadores reivindica a garantia de emprego e de direitos para todos os funcionários, sem qualquer prejuízo.
Pelo Banco:
O Banco informa que a parceria com a Zurich visa fortalecer a marca e ganhar escala no mercado de seguro de vida. Inicialmente, não há previsão de mudanças para os funcionários.
Pela representação sindical:
A representação sindical reivindica que sejam preservados todos os empregos e direitos dos trabalhadores.
EXTRA-PAUTA:
1. Reforma de Agência em Campinas
Em Campinas (Agência Centro) foi estabelecida uma separação entre os trabalhadores no 2º andar, com grade, fechamento de cozinha, que está causando problemas no relacionamento com os funcionários. A representação sindical reivindica o restabelecimento do acesso à cozinha para todos os trabalhadores da agência e a extensão da reforma às demais dependências, dando tratamento igualitário a todos os funcionários.
Pelo Banco:
O Banco informa que irá verificar.
2. Acesso ao Portal RH por parte dos dirigentes sindicais e empregados afastados
A representação sindical reivindica acesso ao portal RH para os dirigentes sindicais e empregados afastados, através da internet, diante das dificuldades hoje existentes.
Pelo Banco:
O Banco informa que irá verificar.
3. Trabalho realizado no domingo, dia 27 de fevereiro, no Piauí.
A representação sindical reivindica a concessão de folga abonada para os funcionários que trabalharam no processo de integração tecnológica no domingo, dia 27 de fevereiro, no Piauí.
Pelo Banco:
O Banco informa que irá verificar.
4. Acesso às informações
A representação sindical solicita as seguintes informações:
a) Número de funcionários por gênero e nível salarial em dezembro de 2010;
b) Número de trabalhadores desligados em 2010, informando número de demissões sem justa causa, por justa causa, a pedido e aposentadoria, além do tempo de casa;
c) Número de trabalhadores que deverão se aposentar nos próximos 2 anos;
Assinam os presentes: