Banco desrespeita processo negocial e as demandas dos bancários
A terceira mesa de negociação permanente de 2012 entre a Contraf-CUT, o Sindicato dos Bancários do Pará, a Fetec-CUT/CN com o Banco da Amazônia ocorreu no final da tarde da última sexta-feira, dia 27, na matriz da empresa, em Belém. Mas antes de iniciar a reunião, a pedido das entidades sindicais, todos os presentes fizeram um minuto de silêncio pelo falecimento trágico da filha de uma empregada do banco no túnel do entroncamento, na capital paraense.
Na abertura preliminar, os representantes das entidades sindicais ressaltaram o momento como sendo importante para os interesses da categoria, porém destacaram que o reagendamento da reunião, que deveria ter acontecido no dia 18, impossibilitou a participação do secretário de organização da Contraf-CUT, Miguel Pereira.
Além disso, o motivo do adiamento não foi informado às entidades e a nova data foi marcada pela própria direção do banco sem consulta prévia aos demais envolvidos na mesa de negociação permanente.
PLR
O Banco da Amazônia respondeu que o pagamento da PLR será feito no dia 2 de maio e que a PLR Social será paga integralmente, mas que de acordo com resolução do DEST o banco somente poderá pagar 80% do montante de 6,25% do lucro líquido destinado à PLR dos empregados, devido ao fato de o banco não ter atingido a meta necessária para o pagamento total.
As entidades cobraram em mesa o cumprimento do acórdão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e o pagamento integral da PLR para os empregados, já que após a publicação do balanço financeiro do Banco da Amazônia, no dia 13 de março, onde o banco lucrou R$ 78,6 milhões em 2011, foi informado pela instituição que, desse total, R$ 6,28 milhões seriam destinados para o pagamento da PLR.
Ocorre, no entanto, que o TST, conforme o acórdão proferido na sessão de julgamento do dia 12/12/2011, decidiu sobre o tema PLR o seguinte: 6,25% sobre o lucro líquido; manutenção da PLR Social equivalente a 3%; sendo o total da PLR de 9,25%; tendo como critério de distribuição: 60% proporcional e 40% linear; com antecipação de PLR no valor de R$ 500,00. Ou seja, o valor de PLR a ser distribuído para os empregados deve ser integral de 7,27 milhões no índice total de 9,25% sobre o lucro do Banco.
Dias parados
As entidades questionaram sobre as ameaças de desconto dos salários dos empregados que tiverem pendências após o prazo final de compensação (30 de abril). O banco respondeu que vai analisar cada caso, mas para o empregado que se manifestou deliberadamente em não compensar, vai adotar o desconto por entender que houve subordinação à decisão judicial.
As entidades discordaram e reafirmaram que está claro na decisão o não desconto dos dias parados que não forem compensados até da data limite definida pelo Tribunal.
Terceirização
Em relação à área de TI, o banco afirmou que tem a intenção de fazer a substituição da mão de obra terceirizada pelos concursados gradativamente.
Vale ressaltar que o Banco da Amazônia está sendo questionado judicialmente pelo Sindicato dos Bancários do Pará por estar descumprindo a determinação do TCU, que estabelece a adequação entre o número de empregados e de serviços prestados por terceiros, e que no caso do Banco da Amazônia existe uma situação evidente que ocorre na área de Tecnologia da Informação
Capaf
As entidades questionaram sobre a situação da CAPAF, mas o banco disse que aguarda uma posição definitiva do interventor.
PCCS
Sobre esse ponto o banco informou que somente irá tratar após a solução da Capaf.
Quadro de apoio
O banco não deu retorno às entidades sobre a reivindicação da categoria de os empregados do Quadro de Apoio poderem concorrer aos cargos comissionados.
Comissão de supervisor
Sobre as diferenças nos valores de comissão entre os supervisores de agência e da matriz, o banco afirmou que vai aguardar a construção do novo PCCS, mas vai continuar estudando uma solução para acabar com as diferenças de comissões.
Administrativo e Operacional dos cash nas agências e PABs
Na última mesa de negociação, as entidades solicitaram ao banco esclarecimento a respeito da funcionalidade operacional dos entendimentos de manutenção dos cash das agências e postos.
O Sindicato tem informação dos bancários de que o registro para o atendimento só pode ocorrer com a intervenção direta do empregado da unidade, e que a outra visão seria que esse monitoramento deveria ser centralizado pela administração da matriz. Sobre esse ponto, o banco apenas disse que o problema não existe.
Programa de metas
O banco informou que esse assunto diz respeito à gestão da empresa e que não passará maiores informações às entidades sindicais.
Programa de promoção
Na última reunião, as entidades colocaram a questão de que o banco apresentou no dia 5 de março a todos os empregados um Programa de Metas e Produtividade, o qual privilegia o aumento da carteira comercial em relação à carteira de fomento e se contrapõe a finalidade primordial do Banco da Amazônia; e cobraram uma apresentação do Banco sobre esse Programa.
O banco reconheceu os problemas no sistema e informou que as falhas já foram repassadas à SECTI para correção. Além disso, o banco comunicou que só irá informar aos empregados a lista dos promovidos referente ao exercício de 2011, após a solução do problema no sistema.
O banco também informou que as promoções que estão sendo divulgadas são as automáticas, do TB1 para TB2.
Plano de Saúde CASF
Foi mais um tema em que o Banco da Amazônia não apresentou nenhuma novidade para a categoria.
As entidades mantiveram a posição de se criar um GT para discutir e buscar uma solução para o assunto que aflige a categoria. O tema foi bastante lembrado durante a greve de 77 dias da última Campanha Salarial.
Pagamento de horas extras
As entidades reivindicam o fim do trabalho gratuito dentro do Banco da Amazônia, com o pagamento de todas as horas extras. Sobre esse ponto, o diretor de recursos humanos, Wilson Evaristo, afirmou que o banco não reconhece as horas extras e que, por esse motivo, nenhum empregado deve extrapolar sua jornada de trabalho.
Avaliação
Para as entidades sindicais, essa rodada de negociação permanente com o Banco da Amazônia foi desrespeitosa com os funcionários e acabou sendo frustrante, já que o banco não trouxe as respostas que eram esperadas pela categoria.
“Havia uma expectativa da nossa parte para que o Banco da Amazônia apresentasse nessa reunião respostas para uma série de assuntos que ficaram pendentes na rodada que tivemos em março e que reiteramos através de ofício. Mas infelizmente continuamos com a mesma postura morosa e pouca ativa do banco para muitos assuntos, o que dificulta nosso avanço para muitos temas de interesse da categoria no Banco da Amazônia”, lamenta a presidenta do Sindicato, Rosalina Amorim.
“A mesa de negociação é uma oportunidade e um instrumento importante para debatermos questões específicas do Banco da Amazônia entre trabalhadores e diretoria da instituição, mas o banco precisa valorizar esse espaço da mesma forma como as entidades sindicais valorizam. É constrangedor para nós virmos para um momento de discussão e construção de um processo e não termos posições consistentes por parte do banco. Não aceitamos esse tipo de postura”, ressalta o vice-presidente do Sindicato e da Fetec-CUT/CN, Sérgio Trindade, que também é empregado do Banco da Amazônia.
Ainda participaram da reunião os diretores do Sindicato, Rômulo Weyl, Marco Aurélio Vaz e Luiz Otávio Pereira; o diretor da Fetec-CUT/CN, Roosevelt Santana; além da diretora do Sindicato dos Bancários de Rondônia, Maria do Socorro.
O Banco da Amazônia foi representado pelo diretor Wilson Evaristo, a gerente de RH, Ediwiges Lemanski, a gerente da GERED, Ana Leuda, o advogado do Banco, Éder Picanço, e pelo coordenador da comissão de negociação do banco, José Moura.