Conferˆncia marca in¡cio de campanha sobre sa£de mental

(Porto Alegre) A Federação dos Bancários RS e o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região realizaram na manhã desta sexta-feira, o seminário de lançamento da Campanha “Assim não agüento! De olho na Saúde mental!”. Esta foi a primeira atividade de um amplo projeto que será desenvolvido pela FEEB-RS, SindBancários e Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Porto Alegre, com financiamento do Ministério da Saúde. O objetivo principal do projeto é aprofundar o debate sobre os problemas relacionados à saúde mental da categoria bancária, com base em ações informativas e preventivas. Além de identificar os fatores que causam agravos à saúde dos trabalhadores do ramo financeiro, a campanha irá distribuir informativos e oferecerá cursos de formação sobre saúde mental e trabalho.

 

O sofrimento mental dos bancários tem sido denunciado pelas entidades sindicais e comprovado através de pesquisas na área da saúde. Segundo o diretor de Saúde da FEEB-RS, Amaro Souza, a questão da saúde mental está ligada às péssimas condições de trabalho geradas pelos bancos. “O trabalho bancário tem sido desqualificado ao longo das últimas décadas, graças às políticas neoliberais implementadas pelas instituições. Os trabalhadores passaram a sofrer uma exploração ilimitada, caracterizada pela imposição de metas absurdas e pela redução dos postos de trabalho. Outro fator que precariza ainda mais o trabalho nos bancos é a alta incidência de assaltos e seqüestros envolvendo os bancários. Isto causa um estresse muito grande entre os trabalhadores”.

 

Amaro diz que a participação dos departamentos de Saúde de todos os sindicatos filiados à FEEB-RS é indispensável para o êxito da campanha. “Estamos diante de mais um grande desafio que precisa se enfrentado pelo movimento sindical bancário. As ações da campanha devem repercutir em todo o estado, atingindo o maior número possível de bancários”.

 

A violência organizacional e os impactos na Saúde Mental dos Bancários

 

Este foi o tema da conferência que marcou o lançamento da campanha sobre saúde mental na categoria bancária. O assunto foi abordado pela professora da UFMG, Dra. Maria Elizabeth Lima. De acordo com a professora, o avanço das doenças mentais ocorreu devido a uma somatória de elementos que foram inseridos pelas instituições na rotina de trabalho. “Os bancários não conseguem mais segurar o sofrimento. Embora os bancos tentem criar e divulgar uma imagem saudável e de que contam com trabalhadores saudáveis, isso não condiz com a realidade. As exigências por produtividade, a drástica redução nos postos de trabalho e a maior vulnerabilidade das agências diante dos assaltos geraram o medo, que corrói a saúde mental”.

 

Maria Elizabeth diz que as pessoas tendem a esconder o sofrimento mental devido aos estigmas que existem sobre as doenças mentais. “O trabalhador precisa entender que este não é um problema individual. A desqualificação do trabalho bancário – devido à utilização das novas tecnologias – os trabalhadores dos bancos foram convertidos em meros auxiliares de produção. As mudanças mais radicais podem ser verificadas nos bancos federais. Em meados dos anos 90, durante a primeira reestruturação do Banco do Brasil, os funcionários “eleitos” para o PDV ou aceitavam as condições impostas pelo banco e saíam da empresa, ou eram submetidos a transferências compulsórias. Isso gerou muita depressão e diversos suicídios mal divulgados”.

 

Segundo a professora, o assédio moral, apontado como uma das principais causas de adoecimento mental entre os bancários, deve ter outra abordagem. “O assédio moral está inserido dentro de um contexto de organização do trabalho, que impõe a mudança de comportamento aos trabalhadores. Nem sempre a pessoa que tem atitudes perversas, como é o caso daqueles que ocupam os cargos de chefia, tem uma natureza perversa, mas é obrigada a isso pelo medo de perder o emprego e por ter o dever de cumprir as metas”.

 

Fonte: FEEB-RS

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