Medidas de aperto ao crédito adotadas pelo governo no fim de 2010, a expectativa de um ciclo de elevações este ano dos juros básicos – que na semana passada subiu de 10,75% para 11,25% ao ano – e a atividade econômica aquecida fizeram as taxas do crédito à pessoa física registrarem aumento entre dezembro e janeiro.
Levantamento feito no sistema Qualicred, que é organizado pela Fecomércio-RJ com base nos dados do Banco Central (BC), mostra que as taxas médias cobradas nas linhas de cheque especial, crédito pessoal, aquisição de veículos e de bens ficaram mais elevadas entre o fim de 2010 e o início de 2011.
Com isso, é preciso redobrar os cuidados na hora de tomar um empréstimo e, principalmente, entrar no cheque especial, já que o crédito mais caro aumenta o risco de inadimplência, mostra reportagem de Lucianne Carneiro, publicada pelo Globo nesta segunda-feira.
Os juros do crédito pessoal e do financiamento de veículos subiram em todos os seis bancos pesquisados. No cheque especial, os juros subiram em cinco dos seis bancos pesquisados (Bradesco, Banco do Brasil, Caixa, HSBC, Itaú Unibanco), enquanto a linha de aquisição de bens registrou elevação nos juros em quatro de cinco instituições (Banco do Brasil, Santander, Caixa e HSBC).
A última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), de 16 de dezembro, já dava sinais de que haveria elevação dos juros. E o relatório de inflação, de 22 de dezembro, também foi bem enfático na necessidade de aperto monetário. Com isso, a curva dos contratos de juros futuros está ascendente desde dezembro – aponta o economista da Fecomércio-RJ Christian Travassos.
Estes contratos, negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), projetam a taxa de juros que estará em vigor nos próximos meses. E são usados pelos bancos para estimar o custo de captação dos recursos que usarão para fornecer as linhas de financiamento.
O mercado já antecipou esses movimentos. À medida que se coloca mais custos na captação, as instituições financeiras aumentam as taxas para o tomador de crédito – afirma o professor de Finanças do Ibmec/RJ Paulo Di Blasi.
Mesmo antes da alta da taxa básica Selic, o consumidor já estava pagando juros mais altos, lembra o professor da FEA/USP Rafael Paschoarelli Veiga, porque havia uma expectativa de a Selic subir na reunião de dezembro.
Os bancos cobram os juros ao consumidor de acordo com o que esperam pagar.
O crédito para a compra de veículo subiu de 1,79% ao mês em 3 de dezembro para 2,02% em 5 de janeiro no Bradesco. No Banco do Brasil, a elevação foi de 1,63% para 1,81%. A taxa avançou de 1,71% para 1,84% no Santander, enquanto na Caixa Econômica a alta foi de 1,56% para 1,60%. O HSBC passou a cobrar 1,82%, ante taxa anterior de 1,51%. No Itaú Unibanco, o juro passou de 1,67% para 1,84%.
No crédito pessoal, a maior taxa média é do Bradesco, que avançou de 4,27% ao mês em 3 de dezembro para 5,07%. No Banco do Brasil, foi de 2,49% para 3,22%; no Santander, de 3,21% para 3,59%; na Caixa, passou de 1,98% para 2,06%; no HSBC, de 4,52% para 4,82%; no Itaú Unibanco, de 4,13% para 4,20%.
Os bancos, no entanto, negam aumentos e argumentam que as taxas variam de acordo com o cliente.