A serviço dos interesses norte-americanos, França, Portugal e Espanha rasgaram os princípios diplomáticos e de soberania dos países ao não permitirem que o avião que conduzia o presidente boliviano Evo Morales fizesse uma escala técnica ou sobrevoasse seus espaços aéreos na terça-feira (2). Morales estava em Moscou, capital russa, onde participara de uma cúpula dos países produtores de gás natural.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) repudia esse atentado que serve apenas aos comandos imperialistas como forma de amedrontar, intimidar e tentar calar àqueles que não se rendem aos interesses hegemônicos e lutam contra as políticas econômicas de dominação e intervenção.
A operação partiu de um rumor infundado e mal intencionado sobre a presença no avião presidencial do americano Edward Snowden, ex-membro da Agência Nacional de Segurança (NSA). Snowden é procurado por Washington e encontra-se em solo russo desde 23 de junho após revelar como o império americano, por meio de vários sistemas sofisticados e ilegais, organizava um amplo programa de espionagem da maioria do planeta com escutas telefônicas e intervenções na internet. Estas escutas já foram denunciadas por vários governos europeus.
Ante a negativa dos países citados acima, Morales viu-se obrigado a fazer uma escala de 13 horas em Viena, capital da Áustria, de onde decolou nesta quarta-feira (3). A manobra anterior colocou em risco a vida do presidente boliviano e de toda tripulação. Após uma ‘revista voluntária’ das autoridades austríacas verificou-se que Edward Snowden não estava no avião.
Segundo informações, o embaixador da Bolívia na ONU, Sacha Llorenti, considerou o bloqueio do avião um “ato de agressão e violação das regras do direito internacional e informou que o País já iniciou um procedimento para denunciar os fatos ao secretário-geral da ONU”.
Já Evo Morales afirmou que convocará uma reunião emergencial da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), que engloba 12 países inclusive o Brasil, para discutir a proibição dos governos ao ingresso do avião boliviano nos seus espaços aéreos.
João Felício, secretário nacional de Relações Internacionais da CUT
Artur Henrique, secretário-adjunto de Relações Internacionais e presidente do Instituto de Cooperação da CUT