Caixa nega reivindica‡äes dos banc rios e trava negocia‡äes

(São Paulo) Não podia ser pior a rodada de negociações entre a Contraf-CUT e a Caixa Econômica Federal, realizada nesta quinta-feira, dia 21. Apesar da pressão dos empregados no Dia Nacional de Lutas promovido na quarta, o banco não aceitou revogar sua decisão arbitrária de punir todos os bancários em cargo técnico que ingressaram com ações na Justiça para garantir a jornada de seis horas. A direção também não aceitou a proposta dos trabalhadores para o Saúde Caixa, e apresentou uma contraproposta com reajustes elevados.

 

“A postura da Caixa na rodada de negociações desta tarde foi lamentável. Os dois assuntos em pauta são de extrema importância para os trabalhadores, mas o banco, além de não avançar nessas questões, está inflexível. Na verdade tivemos foi um retrocesso na reunião”, afirmou Plínio Pavão, diretor da Contraf-CUT e coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa.

 

Durante as negociações, os bancários ressaltaram a indignação da categoria com a Circular Interna 293, que determina a alteração da jornada de trabalho de oito para seis horas, com redução salarial para os empregados de cargos técnicos que possuam reclamação trabalhista para redução de jornada.

 

“Salientamos o absurdo que é essa CI. A atitude da Caixa é antidemocrática na medida em que pretende cercear dos empregados um direito de reclamar na Justiça um dano que a empresa lhe causou", disse Plínio.

 

A direção da Caixa, entretanto, informou que a revogação da norma está fora de cogitação. “Portanto, vamos ampliar o movimento de repúdio, com mais protestos e mobilizações”, ressaltou Plínio.

 

Saúde Caixa

A proposta para reajuste do teto do resseguro do Saúde Caixa, apresentada pelos representantes dos empregados no dia 7 de dezembro, também foi rejeitada.

 

A Contraf-CUT propôs que o reajuste da mensalidade dos dependentes indiretos passasse dos atuais R$ 42,32 para R$ 70 e o valor do teto do resseguro, de R$ 1.200 para R$ 1.452. A Caixa concordou com o valor da mensalidade, mas apresentou um valor para o teto de R$ 1.860.

 

“Não concordamos com o valor do teto proposto pela empresa e a Caixa disse que vai levar a questão ao Conselho Diretor. Vamos pressionar porque, embora saibamos que o aumento é necessário, falta subsídio para que o banco defenda a sua proposta. A direção ainda está trabalhando com números projetados porque desde 2005 o sistema não está funcionando. Já a nossa proposta se baseia em dados concretos, como a inflação médica e o reajuste da tabela médica, que perfazem 21%”, finalizou Plínio Pavão.

 

Dia Nacional de Luta

Para que as negociações rendessem frutos, os bancários da Caixa Econômica Federal realizaram na quarta-feira, dia 20, uma série de manifestações e paralisações em todo o Brasil, num Dia Nacional de Lutas.

 

Em Belo Horizonte (MG), mais de 80 bancários participaram pela manhã do ato realizado pelo Sindicato em frente à agência da Caixa na rua Tupinambás. Usando nariz de palhaço, os bancários protestaram também contra o aumento abusivo de 90,7% nos salários dos deputados e senadores. O Sindicato recolheu mais de mil assinaturas contra o aumento dos parlamentares e irá percorrer as agências bancárias com o abaixo-assinado.

 

No protesto contra a Caixa, várias agências paralisaram suas atividades por uma hora na capital mineira. “A manifestação mostrou à Caixa que os empregados estão mobilizados pela revogação da CI 293. Vamos continuar pressionando contra essa medida arbitrária do banco”, afirma Fernando Neiva empregado da Caixa e presidente do Sindicato de BH. Em Juiz de Fora (MG), os bancários também participaram do Dia de Luta. Durante toda a tarde houve panfletagens em diversas agências.

 

Em Campinas, os protestos envolveram três grandes concentrações da Caixa: Barão de Jaguara, Barão de Itapura e Gifug Amoreiras. Os diretores do Sindicato, Jackson Blaine e Gilmar Vieira, debateram com os bancários sobre a CI 293/06. Os empregados mostraram indignação com a postura arbitrária da empresa e se posicionaram de forma solidária com os colegas envolvidos.

 

O Sindicato dos Bancários do Pará e Amapá realizou manifestação em frente a uma agência da Caixa Econômica Federal, no centro de Belém (PA). O protesto contou com a participação dos diretores Josenildo Mendes, Manoel Sousa, Heládia Carvalho, Kátia Furtado e Maria Gaia, além do presidente do Seeb PA/AP, Raimundo Walter Luz Júnior. No Estado do Pará, além do protesto em frente à agência bancária, foram encaminhados documentos denunciando a arbitrariedade da empresa para a Delegacia Regional do Trabalho (DRT) e ao Ministério Público do Trabalho (MPT).

 

Na DRT o documento foi entregue à delegada substituta Rosângela Gonçalves. “A DRT foi fundamental quando houve a denúncia das terceirizações da Caixa em 1999 e a gente espera que o mesmo aconteça com a jornada de 6 horas”, afirma Maria Gaia, secretária-geral do Sindicato. Já no MPT o procurador-chefe informou que o documento será enviado à Brasília, visto que as reivindicações são de cunho nacional. Contudo, prometeu agilidade no andamento do processo. “Apesar da burocracia, a Justiça do Trabalho é um órgão que garante os direitos dos trabalhadores”, diz Raimundo Walter Júnior, presidente do Sindicato dos Bancários do Pará e Amapá.

 

Fonte: Contraf-CUT, com informações da Fenae e dos Sindicatos

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