Agricultura familiar depende de crédito para se consolidar na América Latina

A agricultura familiar representa uma alternativa para combater a fome na América Latina, mas depende de crédito aos camponeses e à população indígena para se consolidar. A avaliação é do secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Laudemir Müller, que apresentou nesta quinta-feira (8) um painel em conferência em Santiago, no Chile.

Segundo o secretário, que participa da 33ª Conferência Regional das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês), a organização internacional recomenda a expansão, no continente, dos cultivos em propriedades familiares. “A FAO referenda as políticas de agricultura familiar e vê em seu fortalecimento um fator essencial para a segurança alimentar e erradicação da fome na região”, disse Müller à Agência Brasil.

Durante a apresentação do painel Reposicionamento da Agricultura Familiar na Agenda da América Latina e Caribe, Müller explicou o modelo de agricultura familiar, adotado no Brasil e em países vizinhos. “A agricultura familiar fortalecida é o que nos permite garantir alimentos de maneira sustentável internamente Não é por acaso que o setor hoje vem se tornando um eixo das políticas agrícolas, ambientais e sociais”, disse o secretário-executivo.

Na apresentação, Müller mostrou números do Brasil e ressaltou a importância da agricultura familiar na redução da desigualdade e no aumento de renda no país. “Na visão do Brasil, a distribuição de renda passa pela agricultura familiar, pela reforma agrária e pela integração dessas políticas”, disse. Ele, no entanto, acrescentou que as políticas sociais precisam de estrutura para darem certo. “É preciso criar as condições. Sem crédito e sem apoio, a agricultura familiar não teria deslanchado”, explicou.

De acordo com o secretário executivo, atualmente há 4 milhões de estabelecimentos de agricultura familiar no Brasil e 88 mil hectares de terra destinados à reforma agrária. “São 900 mil famílias assentadas”, declarou. Ele disse que o desafio para o Brasil e os países da região é garantir que os camponeses e indígenas tenham acesso a crédito. “No Brasil metade dos estabelecimentos tem financiamento. Precisamos de ampliar para a totalidade”, disse.

Nesta sexta-feira (9), no último dia da Conferência, os países e a FAO apresentarão um documento com a revisão das metas de erradicação da fome na América Latina até 2025. O objetivo de reduzir a desnutrição pela metade até 2015 já foi alcançado, mas neste momento o organismo internacional revê a agenda e as dificuldades que podem influenciar ou dificultar o cumprimento do objetivo, como as mudanças climáticas.

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