(São Paulo) Os funcionários do Bradesco querem saber se o banco vai dar a eles o mesmo tratamento benevolente concedido a seus acionistas em recente decisão de antecipar a amortização de ágios. No dia 19 de setembro, o banco anunciou a amortização neste trimestre, de uma só vez, de R$ 2,055 bilhões em ágios pagos em aquisições feitas no passado.
Com isso, o resultado em 2006 será reduzido em R$ 1,356 bilhão, diminuindo a base do imposto a pagar. Para compensar, será realizado um aumento de capital complementar no valor de R$ 1,2 bilhão. Esses ágios são decorrentes de 15 investimentos, metade deles referente às compras do American Express e do BEC (Banco do Estado do Ceará).
“Os bancários da Cidade de Deus entraram em contato conosco preocupados com esta situação, apreensivos quanto à possibilidade de que esta medida reduza a PLR”, disse a diretora do Sindicato de São Paulo, Sandra Regina da Silva.
Presente para os acionistas
Para que os atuais acionistas não sejam surpreendidos por um desembolso inesperado, o banco vai antecipar um valor equivalente para o pagamento dos dividendos complementares previstos para o próximo ano. Ou seja, o banco decidiu manter intactos os pagamentos de dividendos aos acionistas, que vão receber como se o banco não tivesse realizado essa amortização de uma só vez.
PLR
“Nada contra a bondade com os acionistas, mas queremos saber se o banco vai seguir o mesmo critério na hora de calcular a PLR dos funcionários”, diz a secretária-geral do Sindicato Juvandia Moreira. Segundo Juvandia, o cálculo do pagamento da Participação nos Lucros e resultados é feito sobre o lucro líquido e não sobre o lucro recorrente, que elimina lançamentos extraordinários e eventuais, apurando o efetivo resultado do período.
“Trata-se de uma estratégia contábil adotada pelo banco, que em nada vai afetar seus ganhos. O Bradesco e outros bancos que adotarem esta prática devem saber que não aceitaremos qualquer tipo de redução da base de cálculo da PLR por conta dessa amortização”, avisa a secretária-geral do Sindicato.
Fonte: Danilo Pretti Di Giorgi – Seeb SP
