O Estado de São Paulo
O Brasil está sob pressão para concluir as negociações entre Mercosul e União Europeia, que já duram mais de uma década. Esse deve ser um dos principais efeitos no País do anúncio da intenção de Estados Unidos e Europa de negociarem uma área de livre comércio.
Segundo uma fonte do governo brasileiro, um acordo com os europeus seria a única maneira de o Brasil tentar influenciar na decisão de padrões globais para segurança de alimentos, medicamentos e outros produtos, caso avance a parceira transatlântica entre EUA e UE. “Os europeus não poderiam acertar nada com os americanos sem nos consultar também”, disse um experiente negociador.
Hoje padrões técnicos e outras regras de governança global são decididos em órgãos multilaterais como a Organização Mundial do Comércio (OMC) ou a Organização de Agricultura e Alimentação (FAO). Com um acordo transatlântico, os padrões estabelecidos por americanos e europeus podem ser impostos ao resto do mundo.
Também preocupa o Brasil que os Estados Unidos, importante produtor de carne bovina e de frango, consiga um melhor acesso ao mercado europeu.
Recentemente, Mercosul e UE decidiram retomar as negociações e trocar ofertas de abertura de mercado no último trimestre deste ano. O Ministério do Desenvolvimento fez uma consulta a indústria brasileira, que está “um pouco menos reticente” a um acordo. A maior dificuldade, porém, é convencer a Argentina a aceitar qualquer liberalização de comércio. R.L.