Movimentos sociais definem agenda de mobilização para 2009

Carta Maior
Verena Glass

BELEM – Um pouco adiantados no cronograma do FSM, os movimentos sociais realizaram nesta sexta (30) – e não no último dia do Fórum, como de costume – a assembléia geral que define os focos de ação e as agendas de luta internacionais unificadas.

Mais esvaziada do que nas edições anteriores- muitos movimentos estavam realizando atividades no Fórum -, a articulação, que reuniu principalmente organizações da América Latina e da Europa, fez uma avaliação contundente da crise global do capitalismo e seus aspectos econômico, alimentar, climático, energético e político. De acordo com os movimentos, as soluções à crise apontadas até agora pelos governos buscam apenas socializar os prejuízos, ao mesmo tempo que tendem a transferir os recursos da periferia para o centro do poder econômico.

Como contraponto a este quadro, a assembléia apontou algumas prioridades de luta, como um novo paradigma produtivo baseado na sustentabilidade do uso dos recursos naturais, a inclusão dos direitos econômicos, sociais e culturais em todas as agendas reivindicatórias em nível multilateral, a redução da jornada de trabalho sem redução salarial, o direito aos territórios para as comunidades indígenas e tradicionais, e um investimento massivo no trabalho de formação política das bases sociais, entre outros. Avaliou-se também que as dificuldades enfrentadas com o colapso do modelo neoliberal poderá ajudar na organização de um novo patamar de lutas sociais.

Em relação à agenda de mobilizações, além das datas tradicionais como os dias internacionais da mulher e dos trabalhadores rurais, e da cúpula do G8, em julho, da Cúpula das Américas, em abril, e do Clima, em dezembro, foi proposta uma semana de protestos contra o capital e a guerra entre os dias 28 de março e 4 de abril, período no qual, segundo as organizações européias, será criada uma nova articulação de países ricos que, além dos oito do G8, incluirão as demais 12 nações mais ricas do mundo.

Segundo os movimentos europeus, que convocaram grandes mobilizações contra a iniciativa, este seria um mecanismo definitivo de controle, por parte de poucos, de todo o sistema econômico e produtivo mundial. Outro evento que deve gerar grandes protestos será a comemoração dos 60 anos da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no dia 4 de abril em Estrasburgo, na França.

Para este evento, os movimentos tentarão reeditar os grandes protestos de rua que antecederam a invasão americana do Iraque em 2003. Por último, o dia 30 de março deverá ser uma data unificada de ações de apoio à Palestina e contra os crimes de guerra cometidos por Israel nesta última ofensiva contra Gaza.

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