Acolhimento, solidariedade, empoderamento, consciência e protagonismo dos bancários na promoção à saúde, tanto nas relações de trabalho, quanto nas questões mais amplas da sociedade. Estes são os princípios que norteiam a atuação do GAS-Grupo de Ação Solidária, projeto da Secretaria de Saúde do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, que tem mobilizado os bancários e servido de modelo de ação sindical para outros sindicatos e categorias.
Há quatorze anos o Grupo reúne uma média de quarenta pessoas todas as quartas-feiras, às 15h, na sede do Sindicato, para debater questões de Saúde, acolher os bancários que se veem sós diante do duríssimo desafio de enfrentar o adoecimento no trabalho, vítimas da desinformação criminosa dos bancos e da punição, da culpa que abate a maioria, por falta de compreensão dos fatores que levaram a seu adoecimento e da ideologia que busca desqualificá-los, no lugar de cobrar responsabilidade dos bancos, que são os verdadeiros dos agentes da falta de condições de saúde nos ambientes de trabalho.
“O trabalho dos bancários de Porto Alegre inspira e entusiasma a todos os que estão engajados na questão da Saúde porque consegue ao mesmo tempo responder a uma demanda, organizar e gerar agentes políticos para fortalecer a nossa luta”, afirma Walcir Previtale, secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT.
Segundo Jaceia Netz especialista em Saúde do trabalho com mestrado em Serviço Social, coordenadora técnica do projeto, há cerca de 300 pessoas inscritas no Grupo, que se alternam semanalmente: “Nas reuniões, os assuntos tratados são livres, emergem das necessidades e vivências. Não se trata de um grupo terapêutico, mas operativo. Buscamos acolher, resgatar os laços de solidariedade que se encontram fragilizados pelas relações de trabalho, dar acesso à informação e direitos, para que o bancário se conscientize de que cabe a ele ser um agente da prevenção e da promoção à saúde”, afirma.
O Grupo também promove atividades de lazer, confraternizações, passeios e viagens nacionais e internacionais e ajuda a mobilizar para a participação nas assembleias, eleições, atos, passeatas, palestras e conferências, entre outras.
A experiência tem se mostrado tão bem-sucedida que que já serve de referência para outros sindicatos: “Recentemente estivemos em Pelotas (RGS) para apresentar o projeto e ajudamos no caso de dois bancários que foram demitidos do Bradesco mesmo estando doentes”, relata Jaceia.
A ênfase na solução coletiva e em propiciar o acesso à consciência política tem dado tão certo que vem criando novos quadros tanto na militância do sindicato como na direção, como é o caso do atual secretário de Saúde da entidade, Eduardo Munhoz Baptista: “Eu comecei participando do GAS, fui me interessando cada vez mais, vi a importância do debate de saúde para os bancários, para todos os trabalhadores e a necessidade de agirmos em todas as frentes em prol da prevenção e da garantia de direitos” afirma o dirigente.