Financial Times
Justin Baer, de Nova York
O Goldman Sachs movimentou-se ontem para conter a irritação pública com o pagamento de seus executivos, anunciando que pretende acabar este ano com as bonificações em dinheiro para os seus 30 principais executivos, e conceder aos acionistas direito de voto em questões envolvendo a remuneração. As novas políticas são anunciadas no momento em que algumas das capitais financeiras do mundo estão impondo taxações pesadas às bonificações pagas a funcionários de bancos que foram socorridos pelos governos durante a crise de crédito.
A recuperação acelerada do Goldman Sachs e as recompensas que muitos funcionários receberão no mês que vem, graças à alta dos lucros, têm feito do banco alvo de políticos e acionistas. “As medidas refletem os princípios de compensação que articulamos em nossa assembleia de acionistas em maio”, disse Lloyd Blankfein, diretor-presidente.
Os 30 membros do comitê administrativo do Goldman Sachs receberão toda a sua bonificação de 2009 em ações, que deverão ser mantidas por cinco anos. O Goldman dará aos investidores um voto de consultoria sobre seus princípios de compensação e bonificação para os executivos da cúpula em sua assembleia anual. Grandes acionistas e defensores da governança corporativa vêm pressionando grandes instituições como o Goldman Sachs a adotarem essa provisão antes que o Congresso americano aprove uma legislação exigindo um voto que tenha poder de decisão sobre os pagamentos.
Hye-Won Choi, diretor de governança corporatuva do fundo de pensão TIAA-Cref, um grande investidor do Goldman Sachs, elogiou as mudanças, dizendo que a administração do banco demonstrou “uma forte liderança numa questão de grande preocupação para os acionistas”.
Executivos do Goldman vêm afirmando publicamente que o banco vem pagando de maneira consistente uma porção menor de suas receitas líquidas [a título de bonificações] que a maioria, se não todos, os bancos. Mas, em particular, eles vêm se encontrando com grandes investidores e autoridades reguladoras em busca de conselhos sobre como ajustar as políticas de remuneração do banco para conter as críticas do público.
O Goldman teve um lucro de US$ 12,5 bilhões nos primeiros nove meses de 2009 e o preço de sua ação dobrou. Durante esse período, o banco separou US$ 16,7 bilhões para remuneração, seguro saúde e outros benefícios, valor que representa 43% da receita líquida.