Em reunião realizada no Centro de São Paulo, nesta sexta-feira (1º), dirigentes sindicais do Brasil, Angola, Moçambique, Portugal, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, debateram problemas enfrentados pelos trabalhadores destas nações no II Fórum dos Sindicatos do Setor Financeiro da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
A Contraf-CUT, representando o Brasil, assume a presidência da segunda edição do Fórum. Em sua primeira edição, o Fórum foi representado pelo Sindicato Nacional dos Empregados Bancários de Angola (SNEBA), passando neste momento para o Brasil. Com representatividade rotativa e duração de dois anos, a alternância para o cargo ficou estabelecida por ordem alfabética de países. O próximo encontro será em Cabo Verde, em 2018.
Na mesa de debate desta sexta-feira estavam presentes o chefe do setor de UNI Finanças Global, Marcio Monzane; o secretário de Relações Internacionais CUT Brasil, Antônio Lisboa Amâncio do Vale; a presidenta Mundial da UNI Finanças, Rita Berlofa, que também é diretora-executiva do Sindicato dos Bancários de São Paulo e a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira Leite.
Para o presidente da Contraf-CUT, Roberto von der Osten, existe um ataque mundial contra os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. A ameaça do neoliberalismo nos parlamentos em vários países do mundo, que reduzam o Estado ao papel de quase nada. "Este é um terror que temos que combater com a forte mobilização de trabalhadores, com unidade e parcerias de grandes movimentos, não só sindicais, mas também movimentos populares e com a construção de grandes frentes internacionalmente organizadas”, destacou Roberto.
Ao fazer análise da conjuntura nacional, o dirigente ressaltou um golpe em curso no Brasil que, além de tentar reduzir o papel do Estado, tenta acabar com a soberania brasileira. “Este golpe tem três grandes pilares. O primeiro é derrubar a presidenta Dilma, o segundo é neutralizar o ex-presidente Lula e o terceiro é neutralizar os movimentos sindicais, sociais e populares, que apoiam Lula e Dilma. Portanto, o golpe que está em curso não é contra a presidenta, é contra os trabalhadores. Por isso, tomamos as ruas para conclamar: Não vai ter golpe. Vai ter luta”, concluiu.
Os representantes dos países do fórum ressaltaram que este debate é de extrema importância, para a integração dos países de língua portuguesa, que também vivem a ameaça de retrocesso.
Para Marcio Monzane, que fez análise da conjuntura internacional, o Brasil não é o primeiro caso que sofre com o discurso fascista e com o golpe. Os discursos de combate à corrupção, de reestabelecimento da ordem pública, na verdade são discursos de golpe, que se repetem em vários países do mundo. Para ele, mesmo que o exercício da democracia ainda apresente alguns problemas, não inventaram um mecanismo melhor que este. “Temos que defender a democracia fortemente. Existe toda uma agenda por traz do modelo golpista, que é a agenda de redução da presença dos movimentos sociais e sindicais na sociedade, de redução dos benefícios sociais e da presença do Estado – como ator que implementa política públicas. Uma agenda que reduz direitos trabalhistas, que aumenta a concentração de renda e que aumenta ainda mais a desigualdade social”, disse.
Segundo Juvandia Moreira, a esquerda brasileira está articulada para defender o Brasil da tentativa de golpe que está em curso. “Desde 2014, estamos nas ruas tentando defender a democracia e defender o resultado da eleição. Pois, quem perdeu a eleição, não se conforma com o resultado e vem tentando desestabilizar o governo através de uma aliança entre setores do judiciário brasileiro, da grande imprensa e da oposição”, ponderou Juvandia.
Entre os objetivos do evento estão o intercâmbio, troca de experiências e organização dos países da CPLP; institucionalização da Língua Portuguesa como língua de trabalho nas organizações internacionais; e necessidade de formação sindical para criação de quadros sindicais em todos os países. “O objetivo deste fórum é que possamos caminhar para relações cada vez mais fortes. Aprofundando ações, ideias e o intercâmbio de experiências entre os sindicatos do setor financeiro de países de língua portuguesa”, afirmou Mario Raia, Secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT.