Contraf-CUT apresenta CCT dos bancários à Conferência da UNI Américas

O secretário de Finanças da Contraf-CUT, Roberto von der Osten, apresenta a Convenção Coletiva dos bancários na Conferência da UNI Américas

A Contraf-CUT apresentou nesta sexta-feira 7 na 3ª Conferência Regional da UNI Américas – Rompendo Barreiras, último dia do encontro realizado em Montevidéu, a experiência da construção da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos bancários brasileiros, que em 2012 completou 20 anos. A conferência aprovou declaração de repúdio ao Santander por conta das demissões no Brasil, apresentada pela Contraf-CUT, e mais quatro moções encaminhadas pela Confederação e pelo Comitê de Enlace do Brasil, entre elas a intensificação da luta contra a terceirização e por uma reforma do sistema financeiro, e a defesa do emprego decente. Todas foram aprovadas por unanimidade pela conferência.

A conferência também elegeu a nova direção da UNI Américas para o período 2013/2016, que terá Ruben Cortina na presidência e Adriana Rosenzvaig na secretaria regional. O presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, integrará o Comitê Executivo e será titular do Grupo Diretivo da Área 5 (Brasil, Bolívia, Colômbia, Peru, Equador e Venezuela), que terão como suplentes Mário Raia (secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT) e Rita Berlofa (secretária de Finanças do Sindicato de São Paulo). Deise Recoaro, secretária de Mulheres da Contraf-CUT, será titular do Grupo de Mulheres da UNI Américas.

Participaram da conferência 392 delegados, observadores e convidados de entidades sindicais dos setores de serviços das três Américas e do Caribe, entre eles 16 bancários brasileiros representados pela Contraf-CUT.

Veja aqui como foram o primeiro e o segundo dias da conferência.

Batendo o tambor pela negociação coletiva

No último dia, a 3ª Conferência Regional da UNI Américas discutiu e aprovou uma série de moções sobre mais dois pontos estratégicos para o período 2013/2016: Batendo o tambor pelo crescimento sindical e Batendo o tambor pela negociação coletiva para garantir um desenvolvimento sustentável.

“A Convenção Coletiva dos bancários brasileiros garante os mesmos salários e os mesmos direitos a todos os trabalhadores do setor em todo o Brasil. Graças a essa unidade nacional e às fortes mobilizações e greves, conquistamos aumentos reais de salários nos últimos nove anos consecutivos, além de várias outras conquistas econômicas e sociais”, relatou ao plenário Roberto von der Osten, o Betão, secretário de Finanças da Contraf-CUT, na discussão do tema sobre as negociações coletivas e o desenvolvimento sustentável.

Ficar alerta contra os neoliberais

Ele explicou o processo democrático de construção das campanhas nacionais dos bancários no Brasil, que demora cerca de seis meses e passa por assembleias, consultas aos bancários, conferências regionais e conferência nacional para aprovar a pauta geral de reivindicações, que é submetida novamente às assembleias, instalação da mesa de negociação, mobilização da categoria, deflagração de greve nos últimos nove anos e assinatura da convenção coletiva, depois de outra vez submetida à aprovação das assembleias.

Apesar dos avanços dos bancários e das demais categorias de trabalhadores, Roberto von der Osten fez um alerta sobre a ofensiva das forças conservadoras no continente. “Os neoliberais, responsáveis pela crise internacional, estão de volta e atuam organizadamente em sintonia com a grande mídia para atacar os sindicatos, os partidos progressistas e os movimentos sociais e anular as conquistas dos trabalhadores. Precisamos estar atentos e organizados para fazer esse enfrentamento”, propôs o diretor da Contraf-CUT.

Declaração e moções da Contraf-CUT aprovadas

O secretário de Relações Internacionais, Mário Raia, apresentou ao plenário a declaração de repúdio da Contraf-CUT contra as demissões do Santander no Brasil. Leia aqui o texto da declaração.

Raia também encaminhou ao plenário quatro moções:

Fusões de empresas e seus efeitos sobre os trabalhadores, apresentada pelo Conselho de Enlace do Brasil, da qual a Contraf-CUT faz parte. A moção apela às entidades filiadas à UNI Américas a adoção de ações sindicais para reduzir o impacto negativo das fusões de empresas sobre os trabalhadores.

Trabalho decente, também do Conselho de Enlace. A moção celebra o endosso do conceito de trabalho decente na Declaração da Cúpula das Américas assinada por 34 chefes de Estado, inclusive do Brasil, e pede o engajamento da UNI e suas entidades filiadas na promoção dessa iniciativa da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

A reforma do sistema financeiro, apresentada pela Contraf-CUT. Acusa a ganância e a desregulamentação do sistema financeiro pela crise mundial de 2008, apelando à UNI e suas afiliadas a exercerem forte pressão sobre os governos nacionais para que implementem reformas que regulem a atuação dos bancos privados e promovam o fortalecimento dos bancos públicos em prol do desenvolvimento sustentável.

Todos na luta contra a precarização do trabalho representada pela terceirização, apresentada pelo Conselho de Enlace do Brasil. Aborda uma das mais graves ameaças ao trabalho decente, que é a subcontratação.

“Um quarto dos empregos no Brasil é terceirizado, o que representa 10 milhões de trabalhadores em condições precárias, com salários rebaixados e sem direitos trabalhistas. Essa é uma das razões que fazem com que o Brasil, apesar de ser a sexta economia mundial, está entre os dez países mais desiguais do mundo”, criticou Miguel Pereira, secretário de Organização da Contraf-CUT, em sua declaração ao plenário em apoio à moção contra a terceirização. “Trabalhador não é mercadoria para ser negociado em balcão. Precisamos lutar pelo fim da terceirização e pelo trabalho de qualidade, sem discriminações.”

Batendo o tambor pelo crescimento sindical

O outro tema do último dia da 3ª Conferência Regional da UNI Américas focalizou o trabalho que vem sendo desenvolvido pela UNI Américas e suas afiliadas para que sindicatos sejam criados ou fortalecidos na crescente economia de serviços. Em 2011, na América Latina e no Caribe 62% dos trabalhadores estavam empregados no setor de serviços. Nos Estados Unidos e no Canadá, era mais de 78%. Entre os jovens, esse número varia entre 80% e 90% – e as previsões são de expansão ainda maior do setor de serviços na economia do continente.

Essa transformação rápida provocou uma grande fragmentação do movimento sindical nesse setor, o que tem dificultado o crescimento dos sindicatos e a elaboração de poder estratégico.

Para dar conta dessa nova realidade, o plenário da Conferência aprovou moção com um plano de ação visando o crescimento e fortalecimento dos sindicatos, que passa pela busca da “densidade sindical”, pela organização de alianças, redes e campanhas por acordos globais nas empresas multinacionais, priorizar a implementação de planos estratégicos setoriais e nacionais, promover o modelo de organização por setor ou ramo de atividade, desenvolver pesquisas sobre o futuro perfil dos trabalhadores e os novos cenários para a sindicalização e a negociação coletiva, construir alianças com outros setores da sociedade e usar intensivamente as redes sociais para promover as sindicalizações.

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