O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, reúne-se com os executivos dos 12 principais bancos do país para que concedam mais créditos aos consumidores e às pequenas empresas, e aceitem uma maior regulação do setor financeiro.
Esta será a segunda reunião de Obama com os máximos responsáveis das grandes entidades financeiras de Wall Street, depois da que teve com eles no dia 27 de março em plena crise econômica e na qual concordaram no objetivo comum de colaborar na recuperação e em restaurar a estabilidade financeira.
Naquela reunião, não ausente de tensões, se falou do plano de resgate bancário iniciado pelo Governo, assim como da necessidade de endurecer a regulação financeira e das retribuições e bônus substanciais recebidos pelos altos executivos.
Obama foi um dos que mostrou publicamente mais indignação por estas compensações e se prevê que aborde hoje de novo este tema com os executivos-chefes dos 12 maiores bancos dos EUA, visto que os bônus são divididos normalmente nas últimas semanas do ano, de acordo com fontes governamentais.
O presidente expressou no domingo em entrevista ao programa “60 Minutos” da cadeia CBS seu aborrecimento com os “poderosos” das grandes entidades financeiras de Wall Street, porque apesar de ter sido resgatadas ou recebido ajudas do Governo continuam recebendo bônus substanciais.
“Não concorri a presidente para ajudar um grupo de poderosos de Wall Street”, afirmou Obama.
Enquanto isso, milhões de cidadãos estão no desemprego nos EUA e o índice está em 10%.
Na entrevista, Obama explicou que as únicas entidades financeiras que pagam essas gratificações e evitam assim os limites que seu Governo impôs às firmas que utilizaram fundos do Programa de Assistência de Ativos de Risco são aquelas que devolveram o dinheiro.
Mas o presidente não descartou que esses bancos poderiam ter devolvido o dinheiro somente para poder pagar a seus diretores e empregados os bônus, visto que o Governo impôs limites para as compensações daquelas empresas que receberam ajudas.
Wells Fargo e Citigroup são os únicos dois grandes bancos que ainda não devolveram o dinheiro do resgate recebido. O Bank of America devolveu na quarta-feira US$ 45 bilhões.
Na reunião está previsto que participem os executivos do Citigroup, Vikram Pandit; do JP Morgan Chase, Jamie Dimon; da Goldman Sachs, Lloyd Blankfein; do Bank of America, Ken Lewis; da Morgan Stanley, John Mack; e da Wells Fargo, John Stumpf, entre outros, segundo o “Washington Post” e o “Wall Street Journal”.
Obama lhes pedirá hoje que outorguem mais créditos a particulares e empresas, particularmente às pequenas, visto que nos últimos cinco trimestres reduziram a quantidade que emprestam aos consumidores e negócios, apesar de terem voltado a registrar lucro devido em parte à importante ajuda governamental.
Por outro lado, as perspectivas para uma reforma financeira foram obstaculizadas pelas pressões do setor que convenceram a moderados e conservadores no Senado que muitas propostas limitariam o crescimento econômico.
Neste sentido, Obama disse à “CBS” que o que realmente parece frustrante para ele atualmente é que os mesmos bancos que se beneficiaram dos impostos dos cidadãos estão lutando com unhas e dentes com seus grupos de pressão no Capitólio contra uma supervisão financeira mediante uma lei reguladora.
A Câmara de Representantes (Deputados) dos EUA aprovou na sexta-feira, embora por estreita margem, a maior reforma financeira do país desde a Grande Depressão, com o propósito de consolidar a confiança dos consumidores e combater os abusos de Wall Street.
Com 223 votos a favor e 202 contra, incluindo o “não” de 27 democratas que romperam posições com seu partido, os legisladores aprovaram uma iniciativa para modernizar o sistema financeiro dos EUA e reforçar a supervisão das atividades bancárias.