Contraf-CUT participa de Seminário “A abolição inacabada – 130 anos e a permanência do racismo”

A Contraf-CUT participou do Seminário “A abolição inacabada – 130 anos e a permanência do racismo”, realizado pela Secretaria Nacional de Combate ao Racismo da Central Única dos Trabalhadores (CUT), na cidade de São Luís, no Maranhão, entre os dias 17, 18 e 19 de abril.

Voltado aos secretários de Combate ao Racismo das CUTs Regionais e dos Ramos, o evento debateu temas como políticas de cotas e o ingresso de pretos e pardos nas universidades públicas do Brasil. Outros temas foram a saúde da população negra e os desafios da implementação da Lei 10.639/03, que estabelece diretrizes e bases da educação nacional, incluindo no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”.

Segundo Julia Nogueira, Secretaria Nacional de Combate ao Racismo da CUT, após a abolição o Estado brasileiro não se preocupou em oferecer condições para que os ex-escravos pudessem ser integrados no mercado de trabalho formal e assalariado. E essa mentalidade escravista ainda domina a sociedade brasileira até os dias de hoje com o racismo estrutural que consolida privilégios e hierarquias para os não negros. 
Para uma abolição verdadeira é necessário pensar políticas públicas de combate ao racismo, combater o genocídio da juventude negra, seguir com as cotas raciais nas universidades e nos concursos públicos, combater a redução da maioridade penal, defender os direitos dos trabalhadores e combater a reforma trabalhista. Além disso, é importante defender a nossa democracia e a eleição do presidente Lula para que possamos vislumbrar um futuro sem racismo.

O seminário teve como objetivo aprimorar o conhecimento e as políticas de combate ao racismo, além de discutir formas de se incentivar candidaturas de pessoas negras que tenham ligação com as lutas dos negros e negras.

Martvs das Chagas, Secretário Nacional de Combate ao Racismo PT/Nacional, apresentou a importância das políticas afirmativas dos governos Lula e Dilma na vida da população negra. Segundo o secretário, a presença de jovens negros nas universidades ultrapassou os 268%, cresceu em 207% o número de chefes de família negras com ensino fundamental, além de vários outros avanços. “Infelizmente o governo golpista vem acabando com tudo isso.”

Autor do Projeto de Lei, que instituiu o dia 20 de novembro, data de aniversário da morte de Zumbi dos Palmares, “Dia Nacional da Consciência Negra”, como feriado estadual no Maranhão, o deputado estadual Zé Inácio (PT), debateu sobre a questão racial e parlamento.

 “Foi um encontro o qual ampliamos o debate das questões raciais e do conceito de abolição inacabada. Vimos que é preciso retomarmos o avanço nas políticas públicas especificas, que estavam em andamento durante os governos Lula e Dilma, mas retrocederam após o golpe”, disse Almir Aguiar, secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT.

O evento ainda fez um resgate histórico do povo negro até os dias atuais, passando pela organização das mulheres negras e o genocídio da juventude negra. A cada 23 minutos um jovem negro é morto no Brasil. A abordagem também transcorreu sobre as Religiões de Matriz África e as origens dos ataques que sofrem. “Até hoje sofremos com os reflexos da falta de políticas voltadas para os escravos libertados após a Lei Áurea”, finalizou Almir Aguiar.

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