A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Santander para investigar o processo de privatização do Banespa é o próximo requerimento a ser votado na Câmara Federal. A partir de agora, os banespianos aguardam o pedido de votação do presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS).
Se aprovada, a CPI terá que ser composta por parlamentares de todos os partidos, em número proporcional ao tamanho das bancadas, e eleger o presidente e o relator para começar a funcionar.
Essa é a segunda tentativa do deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) de criar uma Comissão para investigar o antigo banco do governo paulista vendido por R$ 7 bilhões ao grupo espanhol.
Para o presidente da Afubesp, Paulo Salvador, a instalação da CPI deverá jogar luz à forma desrespeitosa com a qual o Santander trata os trabalhadores brasileiros. Apesar de o Brasil ser atualmente a filial que mais fatura, apresentando 25% do lucro líquido mundial da instituição, o banco espanhol continua a ignorar importantes dívidas com os funcionários do antigo Banespa, como por exemplo as gratificações semestrais, os reajustes dos aposentados pré-75 e o déficit do serviço passado no plano II do Banesprev.
“Quando vierem à tona as pendências e o desrespeito do Santander com a sua principal fonte de lucro, a imagem do grupo espanhol irá sofrer um forte abalo no Brasil e no exterior”, afirmou Paulo Salvador.
CPI e o pessoal pré-75
Um dos focos de investigação da CPI são os prejuízos causados aos aposentados e pensionistas pré-75 do Banespa decorrentes da entrega ilegal ao banco espanhol de cerca de R$ 4 bilhões em títulos públicos reservados pela Resolução 118/97 do Senado para garantir o pagamento das complementações e os devidos reajustes ao segmento.
O deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP), um dos aliados da Afubesp na luta para que os aposentados tenham os direitos garantidos pelo banco, afirmou ter assinado o pedido de CPI, podendo, inclusive, ser um dos parlamentares indicados para participar da Comissão.
“Eu devo participar da CPI para que possamos refazer um trabalho de investigação que foi mal feito na época do governo FHC, quando o relator abafou as irregularidades que aconteceram com a privatização, inclusive a do pessoal pré-75”, declarou Berzoini, que é funcionário licenciado do Banco do Brasil e ex-presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo e da ex-Confederação Nacional dos Bancários (CNB-CUT).