Portugal precisa de 86 bilhões de euros para os próximos três anos

Valor Econômico
Assis Moreira

As necessidades de refinanciamento do governo de Portugal e dos três principais bancos do país alcançam 86,2 bilhões de euros(US$ 123,2 bilhões) no período 2011 a 2013, o que dá uma ideia do tamanho do socorro que Lisboa vai buscar junto à União Europeia e ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

Somente o governo português necessita de 63,1 bilhões de euros nos próximos três anos, e os três principais bancos – Banco Espírito Santo, BCP e BPI – de outros 23,1 bilhões de euros, conforme levantamento do analista André Rodrigues, da Caixa Banco de Investimento.

Até 2021, o montante de refinanciamento que o governo português necessita sobe para 161,2 bilhões de euros. É com esses números que os termos do pacote serão discutidos no encontro de ministros de finanças da UE que começa hoje na Hungria. A grande especulação nos mercados ontem era justamente sobre a dimensão da ajuda financeira, com fontes em Bruxelas falando de 75 bilhões de euros e outras em Lisboa mencionando 90 bilhões de euros.

Mas fontes insistiam que a ajuda dependerá se o pedido se limitará a necessidade de refinanciamento do governo e dos bancos, por quantos anos, e se serão incluídas as necessidades de companhias estatais também em forte dificuldade.

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, admitiu que “estimulou” o governo socialista ainda no poder a recorrer à ajuda externa, depois que as condições de financiamento do país se deterioraram dramaticamente nos últimos dias.

Nesse cenário, outra questão é qual o pacote de ajustamento que Portugal oferecerá a seus parceiros europeus. Na verdade, Portugal está com a corda no pescoço numa situação econômica e política diferente de outros países da periferia europeia.

O déficit e a dívida cresceram nos últimos anos, mas em ritmo bem menor do que a da Grécia. Os bancos portugueses não têm a exposição no mercado imobiliário como seus pares na Irlanda.

A pressão por funding enfrentada por bancos portugueses é bem menor do que a de bancos de outros países europeus em dificuldade. O total de funding do BCE para o sistema bancário nacional estava próximo de 40 bilhões de euros em fevereiro, comparado ao pico de 50 bilhões de euros na metade de 2010. A ironia, como notam certos analistas, é que, após muito atraso, progressos vinham sendo feitos para cortar o déficit publico para 1,4% do PIB durante janeiro e fevereiro. As medidas de consolidação fiscal para este ano representam 4,9% do PIB.

Até agora, as medidas de consolidação para 2012 e 2013 deveriam reforçar a receita e cortar gastos para algo próximo de 2,5% e 1,2% respectivamente. Em todo caso, a expectativa é de que a relação dívida/PIB continuará subindo até 2013. A divida só começará a declinar depois que o déficit ficar próximo de 2% – foi de 8,9% em 2010 -, e quando o crescimento econômico se recuperar fortemente.

Bancos estimam que a expansão do PIB real dificilmente voltará a subir mais de 1% até 2013, depois de 0,5% em 2012 e contração de pelo menos 1,5% este ano.

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