A publicação do fato relevante que informa a incorporação do Besc pelo BB, na última sexta-feira, é o último passo do processo de federalização do banco catarinense e marca a nova fase de aniquilamento dos bancos estaduais. Além do Besc, o banco federal leva também o Bescri, braço que atua em crédito imobiliário. A incorporação só será confirmada em assembléias gerais de acionistas dos dois bancos, que acontecem dia 30. O BB informou que a marca Besc será mantida por cinco anos, de acordo com os termos que constam do documento de incorporação.
O negócio da compra do Besc foi feito com pagamento de ações. O BB vai emitir papéis para entregar aos acionistas do banco catarinense. Cada ação do BB vai valer 12,13 do Besc. Para o Bescri, a proporção é de uma para 1.592,261627.
Depois do desaparecimento de instituições estaduais que foram compradas por grandes grupos privados (veja quadro), os remanescentes são agora alvo do BB. Menos mal, mas ainda não é bom. A centralização das decisões em Brasília, que certamente virá com o controle do BB, tira a função de fomento local que sempre caracterizou os bancos estaduais.
Com o negócio, o BB leva também a folha dos funcionários públicos de Santa Catarina, mas o privilégio não sairá de graça: o banco federal deverá pagar ao governo estadual em torno de R$ 250 milhões. O movimento mensal de R$ 260 milhões, relativo ao pagamento de 128 mil servidores ficará com o BB por cinco anos.
Crédito
O BB ganha com a incorporação do banco catarinense uma importante fatia do mercado imobiliário local. Recém entrado no segmento, o banco federal não tem como concorrer com os tradicionais operado-res e precisa da expertise e da carteira de clientes do Bescri para desenvolver sua atuação. Como mercado de porte médio para o financiamento imobiliário, o estado de Santa Catarina é o local perfeito para investir no desenvolvimento da atividade no BB.
Muito trabalho pela frente
Ajustar a estrutura do Besc à do BB não vai ser fácil. Além das culturas organizacionais diferentes e da necessidade de unificar sistemas e processos, há a difícil tarefa de acomodar questões relativas aos recursos humanos das duas instituições. O BB tem a Previ e a Cassi, que dão conta da aposentadoria complementar e assistência médica de funcionários e dependentes. O Besc também tem suas próprias estruturas para prestar os mesmos benefícios. Com a unificação das empresas, será preciso encontrar uma forma de organizar a parte administrativa das instituições sem prejudicar os empregados. “Já estamos cobrando do BB há nove meses uma reunião para esclarecimentos sobre como ficará a situação dos funcionários, mas o banco não tem se mostrado aberto ao diálogo”, relata Sérgio Farias, representante da Federação na CEE BB.
Quanto à dispensa de funcionários, a diretoria do BB adiantou que não haverá demissões por enquanto. “Não temos ainda informações neste sentido, mas queremos acreditar que não haverá”, deseja Sérgio Farias.
Na mira
O banco estadual paulista Nossa Caixa é o novo alvo do BB. As negociações com o governo do estado e os rituais do mercado já estão em andamento desde maio. A Nossa Caixa ficou com boa parte das contas do estado depois do desaparecimento do Banespa, mas, aos poucos, muitas folhas de pagamento de municípios foram sendo vendidas. Em paralelo, segmentos do banco foram entregues à iniciativa privada.
Bancos estaduais privatizados:
Banco Estadual
do Maranhão – BEM Bradesco
Banco Estadual do Amazonas – BEA Bradesco
Banco Estadual
de Goiás – BEB Itaú
PARAIBAN (PB) ABN/Real
BANESTADO (PA) Itaú
Baneb (BA) Bradesco
Bandepe (PE) ABN / Real
Bemge (MG) Itaú
Credireal (MG) BCN/Bradesco
Meridional (RS) Bozano Simonsen / Santander
Banerj (RJ) Itaú
Banespa (SP) Santander
Fonte: Banco Central