Folha de São Paulo
Fernanda Ezabella, de Los Angeles
A AOL, portal de internet que vem perdendo fôlego nos negócios e que fez 25 anos em 2010, anunciou na madrugada de ontem a compra do The Huffington Post, site de notícias que em menos de cinco anos virou sinônimo de jornalismo on-line.
O acordo, de US$ 315 milhões (R$ 540 milhões), cria a Huffington Post Media Group, que tem potencial de atingir 270 milhões de visitantes únicos mensais no mundo e 117 milhões nos Estados Unidos.
É a maior aquisição da AOL desde que a empresa se separou da Time Warner, em 2009, e ilustra o objetivo de transformá-la numa gigante de conteúdo editorial.
Arianna Huffington, cofundadora do site, vai comandar todo o conteúdo editorial da AOL, no cargo de presidente e editora-chefe da Huffington Post Media Group.
Em 2010, o gigante da internet, que também presta serviços de provedor, comprou o influente blog de notícias de tecnologia TechCrunch por US$ 25 milhões.
A AOL também possui o blog Engadget e o site Patch.com, que cobre 800 cidades dos EUA com jornalismo feito por cidadãos locais, de olho nas eleições presidenciais de 2012.
“Combinando o HuffPost com a rede de sites da AOL, aumentando a iniciativa de vídeos, de foco local e alcance internacional, sabemos que temos uma empresa que pode ter impacto enorme”, escreveu Huffington.
A notícia vem num momento em que grandes empresas de mídia procuram se adequar às novas tecnologias e atrair novas formas de publicidade.
Na semana passada, Rupert Murdoch lançou o primeiro jornal exclusivo para iPad. Mas, diferentemente do gratuito Huffington Post, o “Daily” custará US$ 0,99 por semana.
A AOL pode ser acessada em várias línguas. Em 1999, a empresa americana iniciou operações no Brasil, oferecendo conteúdo e acesso à web, mas fechou as portas em 2006 após problemas técnicos de instalação que acabaram afetando sua imagem.
Queda
Enquanto o Huffington Post não para de crescer, como um dos sites de notícias mais visitados, a AOL vem reduzindo seus poderes.
As receitas do quarto trimestre de 2010 recuaram 26%, para US$ 600 milhões, em razão da queda de assinantes de internet discada nos EUA e dos anúncios publicitários, sua maior fonte de renda. Em 2010, fechou 2.500 vagas, demitindo praticamente um terço de seus funcionários.
Com um investimento inicial de US$ 1 milhão, o Huffington Post surgiu em 2005, em parceria de Arianna com Kenny Lerer, ex-executivo da AOL. O site começou como um pequeno blog, mas foi crescendo em acessos, influência e anúncios.
Passou a dar lucro em 2010, quando registrou receita de US$ 30 milhões, baseada em propaganda.