A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e o Centro das Indústrias do Estado (Ciesp) divulgaram na segunda-feira (8) nota criticando a proposta de redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, em tramitação no Congresso. O presidente das entidades, Paulo Skaf, afirmou que a medida, “além de não criar emprego, comprometeria a competitividade brasileira”. Para o presidente da CUT, Artur Henrique, trata-se “do velho discurso empresarial da década de 80, quando foi a última vez que tivemos a redução da jornada legal de trabalho no Brasil”.
Ainda segundo a Fiesp, de 2003 a 2009 o Brasil reduziu a taxa de desemprego “por meio do crescimento econômico e não por alterações na jornada de trabalho”, medida que – reforçou – não criou empregos desde que foi reduzida, em 1988, de 48 para 44 horas semanais. Para Skaf, nivelar empresas de portes diferentes “seria anacrônico e autoritário, além de inoportuno, considerando que ainda estamos emergindo da grave crise mundial, uma conjuntura que exige trabalho, dedicação e foco no crescimento”.
O presidente da CUT lembra que os ganhos de produtividade obtidos pelas empresas os últimos 20 anos superam de longe um eventual aumento de custos. “As empresas, de todos os setores, ganharam muito, bateram recordes de lucros, pagaram dividendos recordes em 2009. Isso foi conquistado pelo aumento da produtividade, que não foi repassado para o conjunto dos trabalhadores. A participação do trabalho na renda nacional continua pequena”, afirma Artur.
Além disso, acrescenta, se os empresários defendem a necessidade de qualificação profissional, devem proporcionar condições para que isso aconteça. “Uma pessoa que sai de casa às 5h30, pega ônibus, trem, trabalha o dia inteiro e chega em casa às 10 e meia da noite vai se qualificar quando?”, questiona, citando ainda as expectativas positivas para a economia este ano. “Todos os empresários têm dito que haverá crescimento em 2010, há uma avaliação muito positiva. E não vamos reduzir a jornada para gerar empregos?”
Segundo Artur, que participou na segunda-feira (8) de reunião da direção nacional ampliada da CUT, em Brasília, os sindicalistas voltarão ao aeroporto para “recepcionar” os parlamentares que voltam de suas bases. Também estão previstas reuniões entre as centrais e com os líderes partidários. Nos estados, caravanas serão organizadas para ir até a casa dos deputados, para reforçar a importância do tema – a ideia é pressionar para que a votação aconteça no primeiro semestre.
No setor metalúrgico, a CNM-CUT e a CNTM (Força) se articulam para entregar uma pauta à CNI e à própria Fiesp. “Vamos ver se eles querem mesmo negociar ou se é só discurso”, afirma o presidente da CUT.