As campanhas salariais do segundo semestre vão buscar aumento real de salário e ampliação de direitos, afirmam lideranças sindicais ouvidas pela Rede Brasil Atual. As centrais criticam visão “retrógrada” de economistas e setores da mídia que vinculam inflação à valorização dos salários, e prometem mais pressão contra o governo e ao Congresso Nacional até dezembro.
“Nós não concordamos com o argumento apresentado na grande imprensa de que aumento real causa inflação”, diz o secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Quintino Severo. “A CUT vai fazer campanha para ampliar a distribuição de renda e por aumento real de salário.” Para Quintino, se salário produzisse inflação, “os salários na década de 1980 e 1990 teriam sido os melhores do mundo”.
Para o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, além da reivindicação de reajuste salarial, as campanhas do segundo semestre vão incluir temas como inclusão social e distribuição de renda. “Com isso, teremos sustentabilidade na economia e capacidade efetiva de sermos um país de primeiro mundo.”
O sindicalista critica a posição de economistas contrários à valorização dos salários e defesores de juros elevados. “As pessoas misturam muito e nós temos na realidade uma percepção retrógrada de economistas que preferem manter US$ 300 bilhões de reserva. A que custo? Juros elevadíssimos, a que preço?”, critica Patah.
Ele lembra que o Brasil saiu mais cedo do que outros países da crise econômica mundial de 2009, devido ao aquecimento do consumo interno, que foi possível graças aos salários valorizados dos anos anteriores.
Sazonalidade
Para Quintino, a inflação é momentânea e puxada por alguns produtos e serviços que habitualmente sofrem reajuste no início de cada ano. “O problema não é salário, é a sazonalidade de alguns produtos, especialmente alimentícios, as tarifas de serviços como educação e transporte elevaram a inflação. Não foi inflação de consumo.”
De acordo com o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, o segundo semestre habitualmente já concentra categorias “mais organizadas e fortes”, cujas campanhas serão ampliadas por um calendário de mobilizações unificadas.
“Temos um calendário de mobilizações ao longo do segundo semestre para pressionar o governo e o congresso por melhores salários e ampliação de direitos. Além disso, teremos 5 milhões de trabalhadores envolvidos nas negociações do segundo semestre, em categorias mais organizadas e fortes”, descreve.
Bancários, petroleiros, metalúrgicos e químicos, entre outros, têm campanha salarial no segundo semestre.