Bancários de São Paulo ampliam campanha contra demissões no Santander

Dirigentes sindicais denunciam falta de pessoal e sobrecarga de trabalho

O Sindicato dos Bancários de são Paulo realizou novos protestos nesta segunda e terça-feira, dias 30 de junho e 1º de julho, para cobrar o fim das demissões, a contratação de mais funcionários e melhores condições de trabalho. O ato engloba a campanha internacional contra as demissões no Santander Brasil.

Casa 1 e Casa 3

Nesta segunda, a mobilização ocorreu nas concentrações do Casa 1 e Casa 3 denunciando a política de gestão adotada pelo banco, focada no corte de custos principalmente por meio das demissões.

Apesar do lucro de R$ 1,428 bilhão no primeiro trimestre de 2014, o banco espanhol eliminou 4.833 empregos entre março de 2013 e março de 2014, sendo 970 nos primeiros três meses do ano. “Isso não é uma simples rotatividade, é corte postos de trabalho, o que é injustificável tendo em vista que a unidade brasileira representa cerca de 20% do lucro global do banco”, afirma o diretor do Sindicato Roberto Paulino.

Para ele, a visão empresarial adotada pelo Santander leva à alta remuneração dos altos executivos do banco que pode chegar a R$ 465 mil por mês, ou R$ 5,5 milhões ao ano. “Enquanto paga bônus vultosos aos executivos, os bancários recebem um dos menores salários da categoria e ainda sofrem com a sobrecarga de trabalho, o assédio moral, as metas abusivas, o adoecimento e a ameaça de demissão.”

Por meio da campanha, o movimento sindical pretende que o presidente do Santander Brasil, Jesus Zabalza, aceite negociar o fim das demissões. Zabalza, no entanto, ainda não marcou uma reunião com as entidades sindicais, após quatro cartas encaminhadas.

Em resposta enviada no dia 6 de junho, ele disse que “em função de compromissos já assumidos, inclusive fora do país e que me impossibilitam de recebê-los com a urgência requerida, solicitarei à Vice-Presidência Executiva Sênior que viabilize uma agenda futura para que a reunião ocorra oportunamente”. Passadas três semanas, Zabalza permanece em silêncio, mas se encontra no Brasil, tendo inaugurado no dia 23 de junho o novo data-center do Santander em Campinas.

Bráulio Gomes

Nesta terça, a manifestação ocorreu em duas frentes. Dentro do prédio da concentração Bráulio Gomes, dirigentes sindicais visitaram todos os andares para entregar aos funcionários exemplares do jornal Rede Global Bancária, publicação da UNI Américas Finanças que evidencia a política de corte de custos que prioriza as demissões e tem como consequência a precarização do trabalho e do atendimento.

Do lado de fora, na Praça Dom José Gaspar, em frente à concentração, dirigentes sindicais aproveitaram o grande número de turistas por conta da Copa do Mundo para denunciar a realidade vivida atualmente pelos bancários da instituição espanhola.

“Enquanto a cidade e o país estão em festa por causa da Copa do Mundo, torcendo pelo Brasil, o Santander dá como retorno para a sociedade brasileira as demissões. Isso é torcer contra o Brasil. O jogo tem de ser jogado na bola e não na canela”, criticou o diretor do Sindicato Marcelo Gonçalves.

Ele ressaltou que na Espanha, que vive uma grave crise, não há demissões compulsórias. “Mas no Brasil, responsável por 20% dos lucros do Santander no mundo, o banco se nega ao diálogo e fecha quase 5 mil postos de trabalho entre março de 2013 e março de 2014.”

Marcelo lembrou que as demissões geram sobrecarga de trabalho e adoecimento aos funcionários remanescentes. Para os clientes, sobra a precarização do atendimento, o que levou o banco a ser campeão de reclamações em 2013. Este ano, continua na mesma trilha, sendo líder do ranking do BC em quatro dos cinco meses avaliados.

“Essa gestão tem de mudar, pois não traz resultados. Prova disso é o lucro líquido trimestral do Santander, que teve queda de 6% de março de 2013 para março de 2014 e de 21,8% em relação a 2011. O Santander precisa respeitar o Brasil e os brasileiros”, cobra Marcelo.

Luta internacional

A campanha contra as demissões na instituição espanhola foi planejada na 10ª Reunião Conjunta das Rede Sindicais dos Bancos Internacionais, realizada em Lima, no Peru, nos dias 5 e 6 de junho.

Participaram do encontro dirigentes sindicais do Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e México, além de representantes das Comisiones Obreras (CCOO) e da UGT, as duas principais centrais sindicais da Espanha. A indignação geral causada pela gestão equivocada do banco no Brasil gerou a realização da campanha internacional contra as demissões, que teve início na última sexta-feira, dia 27 de junho.

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