Indignação e revolta foram os sentimentos que predominaram no ato público contra a violência, promovido pelos bancários na manhã da última sexta-feira 17, em Porto Alegre. A manifestação ocorreu em frente à agência Central do Banrisul, junto à Praça da Alfândega. No final da manhã de quinta-feira, 16, este mesmo local foi palco de mais um capítulo da história de luta e coragem da categoria bancária no estado.
Os bancários faziam uma manifestação pacífica em frente à agência, cujos funcionários tinham acabado de aderir ao movimento de greve nacional, quando o Batalhão de Choque da Brigada Militar chegou ao local, a pedido da Direção do Banrisul. A ação, coordenada pessoalmente pelo comandante estadual da BM, coronel Paulo Mendes, foi extremamente violenta e desnecessária. Quando os bancários tentaram negociar sua permanência no local foram agredidos da forma mais covarde possível, à base de golpes de cassetete e pontapés. Várias pessoas ficaram feridas, sendo que dois bancários sofreram fraturas devido às agressões.
Durante o ato público de sexta, bancários, trabalhadores de outras categorias, parlamentares, políticos e representantes das centrais sindicais rechaçaram a atitude da BM e denunciaram o Governo Yeda e a Direção do Banrisul, como responsáveis diretos pelas agressões. Em suas manifestações, o presidente do SindBancários, Juberlei Bacelo e o diretor da Feeb/RS, Amaro Souza, salientaram que a ação da Brigada Militar contra os trabalhadores não ficará impune.
Os sindicalistas também destacaram que este tipo de covardia remete aos anos de chumbo da ditadura militar. Uma época em que os trabalhadores eram impedidos pelos militares de se organizar e qualquer tipo de manifestação popular era reprimida com violência, tortura e morte.
Denúncia parlamentar
Num discurso contundente na tribuna da Assembléia Legislativa na quinta-feira (16), o líder da bancada do PT, Raul Pont, protestou contra a forma com que o Governo do Estado trata os movimentos sociais e os trabalhadores. “Enquanto um grupo debatia dentro do prédio, os grevistas que estavam do lado de fora foram atropelados pela Brigada. Não é a primeira vez que isso acontece, revelando que se trata de uma política deliberada da governadora Yeda Crusius”, denunciou.
O parlamentar considera que atuação da BM desrespeita a Constituição Federal, que assegura o direito de greve. “Qualquer um que se manifeste ou reivindique melhores condições de trabalho no Rio Grande do Sul é tratado a pau. Infelizmente, estamos diante de um retrocesso que remonta à década de 20”, apontou.