Valor Econômico
Angelo Pavini, de São Paulo
O Banco do Brasil (BB) fez sua estreia no segmento de fundos brasileiros para investidores locais de outros países. A BB DTVM, braço de gestão de recursos do banco, iniciou neste mês as operações de um fundo misto, de ações e renda fixa, voltado para investidores de varejo do Japão. Segundo Carlos Takahashi, presidente interino da BB DTVM, a carteira abriu o primeiro período de captação no fim de novembro e, até dia 14, recebeu R$ 140 milhões em aplicações.
O fundo estava nos planos deste 2008, dentro da estratégia de distribuir investimentos brasileiros no exterior, especialmente na Ásia e Oriente Médio, com o apoio da BB Securities, de Londres, afirma Takahashi. A gestora procurou parceiros locais para fazer a distribuição, mas a crise adiou os planos.
Com a retomada dos mercados e a excepcional recuperação do Brasil, o interesse no Japão pelo país cresceu ainda mais e o a gestora resolveu aproveitar. “Temos a Copa do Mundo, o pré-sal e a Olimpíada e isso chama ainda mais a atenção dos investidores”, diz Takahashi. A BB DTVM fez parceria com a corretora japonesas Ace Securities para a distribuição do fundo. E o inglês Barclays ficou como interveniente no Japão e em Londres.
Do total captado, 70% vai para uma carteira de renda fixa no Brasil, que coloca 98% dos recursos em títulos públicos, o que dá vantagens fiscais para o investidor japonês. Já outros 30% vão para um fundo de ações que replica a carteira local de dividendos da BB DTVM, que tem mais de cinco anos.
O fundo japonês tem prazo de sete anos e permite movimentações mensais dos clientes. No fim de cada mês, é aberta uma janela de aplicações até o dia 10 do mês seguinte. O dinheiro é então remetido para o Brasil para aplicação por volta do dia 15. Do total da primeira tranche, que chegou em 14 de dezembro, R$ 98 milhões foram para o fundo de renda fixa e R$ 42 milhões para o de ações. “O resultado foi muito bom, nossa expectativa era captar menos de R$ 100 milhões neste começo”, afirma Takahashi, que espera chegar a US$ 500 milhões no médio prazo.
O valor da aplicação é baixo, cerca de US$ 100, o que ajuda a atrair os investidores.
Os próximos planos da BB DTVM são ampliar a atuação no Japão e em outras regiões. “Temos o acordo com a Ace, mas não há exclusividade e estamos discutindo com outras corretoras e parceiros alternativas para outros fundos no Japão”, afirma Takahashi. Outros países que estão na mira da BB DTVM são o Chile, onde as conversas sobre uma parceria estão adiantadas, o mercado asiático e o americano. “O Chile é interessante pelos fundos de pensão, que têm o equivalente a um PIB do país em ativos e são altamente internacionalizados em suas aplicações”, diz o executivo. “A proposta é oferecer investimentos para o mercado chileno por meio de parcerias”, diz.
Outra opção é o mercado asiático, onde há demanda por diversificação dos investidores. E os Estados Unidos, onde há grande volume de brasileiros, o que pode facilitar a criação de fundos para o mercado local. “Os EUA são o país com maior número de brasileiros residentes, e podemos fazer algo mirando esses investidores e os locais também quando o país voltar a se recuperar”, diz. Segundo Takahashi, “apesar de sermos a maior gestora da América Latina em ativos, temos consciência que estamos muito bem no mercado local, mas precisamos abrir frentes de atuação no exterior”, diz.