(Belo Horizonte) O Sindicato de Belo Horizonte realizou no dia 11 de dezembro, terça-feira, uma manifestação contra várias irregularidades denunciadas pelos funcionários contra o Banco do Brasil. A instituição é acusada de obrigar a extrapolação da jornada de trabalho e de pressionar os funcionários para que eles trabalhem durante os fins de semana.
Durante a manifestação o Sindicato denunciou o desrespeito ao funcionalismo, clientes e usuários que vêm sofrendo com a falta de planejamento por parte do banco em relação ao atendimento, após a absorção das contas do Estado e da prefeitura municipal de Belo Horizonte. A precariedade do atendimento tem causado indignação em clientes e usuários que chegam a ficar até três horas nas filas. Além disso, há denúncias de que os funcionários estão sendo obrigados a extrapolarem a jornada de trabalho em até doze horas.
Há denúncias também em relação a segurança nas unidades de trabalho. É que com a superlotação das agências os funcionários estão vulneráveis à ação de criminosos com risco de assalto. Como não existe infra-estrutura para atendimento, muitos funcionários estão transformando a sua mesa de atendimento em guichê de caixa, com manipulação de valores sem as condições mínimas de atendimento. Muitos funcionários estão sendo coagidos por suas chefias locais a cancelar férias, e o descanso a que têm direito nos finais de semana para suprir a deficiência de mão de obra do banco.
No último dia 10 de dezembro, o Sindicato se reuniu com o Superintendente do banco em Minas Amauri Sebastião Niehues. Durante a reunião, o Sindicato pontuou as várias irregularidades denunciadas e exigiu providências no sentido do banco contratar mais funcionários. O superintendente afirmou que a direção do banco estava ciente das dificuldades enfrentadas pelos funcionários e pela população e que à partir de janeiro o banco iniciará a substituição dos trabalhadores temporários por mil trabalhadores concursados.
Garantiu também que os trabalhos nos finais de semana encerrariam-se no último dia 9 de dezembro. Com relação à extrapolação da jornada, afirmou que a orientação da superintendência sempre foi pelo registro fiel do número de horas trabalhadas e que a compensação se dará de acordo com o que estipula o acordo coletivo de trabalho.
O Sindicato afirmou ao superintendente que irá apresentar denúncia formal à Delegacia Regional do Trabalho (DRT) para fiscalização das agências e comprovação das reais condições de trabalho dos bancários. O Sindicato visitou várias agências na Capital e no interior e constatou que todas as irregularidades denunciadas são verídicas.
Segundo o funcionário do BB e diretor do Sindicato Wagner Nascimento, as denúncias foram registradas durante as visitas aos locais de trabalho, por telefone, e-mails e pelo site do Sindicato. “Na maioria das agências onde houve extrapolação de jornada, o ponto eletrônico foi registrado constando seis horas trabalhadas, o que resultou em apenas uma folga. O Sindicato está aberto a receber as denúncias de trabalho fora do ponto, para que sejam encaminhadas à superintendência e à DRT com o objetivo de registrar uma folga a mais”, afirmou.
Para o presidente do Sindicato, Fernando Neiva, o banco tem que criar uma estrutura que possibilite ao bancário trabalhar de maneira digna. “O que vemos hoje nas agências são funcionários e trabalhadores terceirizados sendo super-explorados sem a mínima condição de trabalho. O bancário deve ficar atento em relação às irregularidades e denunciar qualquer tipo de pressão ao Sindicato”, afirmou.
Horas extras
O BB foi condenado pela Justiça do Trabalho a pagar a todos os seus empregados lotados na base territorial do Sindicato dos Bancários de BH e Região horas extras pela adoção irregular do banco de horas entre 1º de setembro de 2006 e 31 de agosto de 2007. Ao contrário do que ocorreu nos anos anteriores, na data-base de 2006 não foi inserido no Acordo Coletivo de Trabalho do BB a cláusula que permite a compensação de jornada. Assim, a irregular adoção do banco de horas a partir de setembro daquele ano é ilegal e irregular, gerando créditos trabalhistas para todos aqueles que efetivamente compensaram suas jornadas extraordinárias no período de vigência do ACT 2006/2007.
Com a condenação, o BB passou a veicular a falsa informação que a ação fora proposta em nome dos bancários. A mentira difundida pelo banco tem o intuito de constranger os trabalhadores e indispô-los contra o sindicato, pois sugere que a continuidade da ação pode gerar, inclusive, rescisões contratuais. O Sindicato já está mobilizando o seu departamento Jurídico para propor uma representação ao Ministério Público contra os responsáveis por essa inverdade, já que a ação fora ajuizada em nome do Sindicato e contempla toda a categoria, não apenas alguns trabalhadores específicos.
Para Fernando Neiva essa foi mais uma grande vitória do Sindicato. “O funcionário pode ficar tranquilo e não deve se intimidar com as ameaças feitas pelos gestores do BB. O banco errou e tem que pagar pelo seu erro”, afirmou.
Fonte: Seeb BH