(São Paulo) Dados divulgados pelo Banco Central apontam queda da taxa de juros cobradas em empréstimos bancários em março. O custo médio das operações para pessoas físicas e jurídicas caiu de 39,3% para 38,5% ao ano. O percentual é extremamente elevado, comparado com a taxa de juro básica, Selic, que está em 12,5% ao ano. E mesmo com uma pequena redução o spread (diferença entre o que os bancos pagam pelo dinheiro e cobram dos clientes) continua absurdo.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, a redução em março, diferentemente dos meses anteriores, foi motivada pelos empréstimos tomados com garantia da restituição do imposto de renda. Essas operações são sazonais, ocorrem anualmente no mês de março e têm juros mais baixos.
Nas demais modalidades de crédito, a "redução" do spread foi de 0,1 a 0,7 ponto percentual. Nos meses anteriores, segundo o BC, os bancos chegaram a elevar sistematicamente suas margens.
"Mesmo que seja a taxa mais baixa dos últimos anos, não há o que comemorar", afirma Carlos Cordeiro, secretário geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, Contraf-CUT. "Desde janeiro de 2006, a Selic caiu 4,75 pontos, enquanto a redução do spread, depois de elevações em meses anteriores, é de casas decimais", ironiza.
O dirigente lembra que a tendência é que as taxas voltem a subir em abril, já que os empréstimos que puxaram a média para baixo deixam de ter participação no volume. "O absurdo é que a expansão do crédito vem mantendo a velocidade e, com esses juros absurdos, os bancos deixam de cumprir sua função, que é financiar o desenvolvimento do país”, conclui.
Fonte: Contraf-CUT, com informações do Valor Econômico