Gaúchos fazem vigília em frente à Superintendência do Trabalho
As medidas “corretivas” anunciadas pelo governo federal repercutiram sob a forma de um Dia Nacional de Luta em Defesa dos Empregos e dos Direitos dos Trabalhadores em várias capitais do país. Chamado pelas centrais sindicais – CUT, CTB, UGT, NCST, Força Sindical e CSB – em Porto Alegre, foi realizada uma vigília em frente à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, no centro. Centenas de pessoas participaram da atividade que aconteceu na manhã desta quarta-feira, 28/1. Após as manifestações das centrais, os representantes das entidades entregaram um documento ao Superintendente Regional do Trabalho e Emprego no RS, Neviton Nornberg.
O tom das intervenções foi de indignação e de chamar a atenção para o recuo que as medidas representam. Com a vitória da esquerda na Grécia, mais um argumento contrário às políticas de austeridade, que visam atacar direito dos trabalhadores e reduzir o tamanho do Estado, emergiu. De fato, o Brasil dá uma guinada conservadora, neoliberal, taxando e reduzindo direitos daqueles que ascenderam de classe em 12 anos de governo popular. Presença de Estado como mobilizador de crescimento e de emprego formal para atacar desigualdades sociais, em suma, é o que o país precisa e não de arrocho e política de austeridade.
As entidades condenam as Medidas Provisórias 664 e 665, anunciadas sem consulta ou discussão com o movimento sindical, que prejudicam a população de baixa renda e, em particular, os trabalhadores. A MP 664 trata de mudanças nas regras de pensão e auxílio doença; a 665 trata de mudanças nas regras do seguro-desemprego, abono e período de defeso do pescador. O SindBancários participou da vigília. Após o ato das centrais sindicais, o SindBancários realizou Ato em Defesa da Caixa 100% Pública e lançou a campanha “Nossa Caixa Nossa Vida”. A manifestação visa manter o banco 100% público ante a anunciada intenção do governo federal de abrir o capital da Caixa em 2016.
O presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, defende que o governo Dilma não pode repetir o fracasso de modelos neoliberais que receitam a redução do Estado e a austeridade para combater crises sistêmicas e que têm razões muito mais profundas. Nespolo lembrou do caso do governo do Estado do Rio Grande do Sul. O projeto neoliberal que volta assumir representa atraso, queda de crescimento econômico e empobrecimento. “O ajuste das contas públicas aqui no RS é feito tirando de quem mais precisa. Não estamos aqui defendendo desvio. Se é preciso fazer mexida na política econômica, então que se faça. As mexidas estão erradas. Ajuste se resolve com gestão pública”, disse Nespolo, referindo que é preciso melhorar a estrutura do Ministério do Trabalho para fortalecer a fiscalização.
“Estamos aqui dando a primeira demonstração de inconformidade com as políticas que ameaçam implantar. O Levy (ministro do Planejamento Joaquim Levy) é um tipo da área econômica com longa ficha de serviços prestados ao neoliberalismo”, acrescentou Claudir Nespolo.
O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Guiomar Vidor, defende que a política econômica tenha que caminhar na direção oposta que caminhou nestes primeiros movimentos do governo Dilma. “Se o governo quer fazer a economia crescer tem que a acabar com a rotatividade e reduzir o superávit primário. Se quiserem taxar alguém, taxem as grandes fortunas, não quem ganha 1.700 pila por mês”, avaliou Guiomar.