Manobra da empresa de levar terceirizados para a Câmara é denunciada
Uma mostra da ousadia e das práticas ilegais da multinacional Prosegur ficou clara na quarta-feira (4) na Câmara dos Deputados, em Brasília. A empresa mobilizou gerentes, chefes, fiscais e outros empregados de sua confiança, em pleno horário comercial, e os colocou dentro do plenário da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara para pressionar pela aprovação do PL 4330/2004, projeto que regulamenta (para pior) a terceirização no Brasil.
Apresentado pelo deputado/patrão Sandro Mabel, o projeto, se aprovado, oficializa o calote, prejudicando vigilantes e outros terceirizados. Além disso, coloca fim ao emprego em todas as categorias (caixa de banco, petroleiro, etc), precariza as condições de trabalho e acaba com as categorias.
A mobilização de empregados remunerados, subordinados e em pleno horário de trabalho por uma multinacional que atua na atividade de segurança privada, atividade sob concessão do Estado, enseja, no mínimo, uma situação de lobby ilegal contra as instituições do estado brasileiro, além de crime contra organização do trabalho.
Mas a resposta dos trabalhadores livres, insubordinados e conscientes do seu papel de cidadão brasileiro, foi parar as operações de transporte de valores por duas horas, no final da manhã do mesmo dia 4.
Liderados pelo Sindicato dos Vigilantes de Transporte de Valores do Distrito Federal (Sindvalores-DF) , os vigilantes repudiaram a utilização de empregados para pressionar congressistas na defesa de projetos lesivos aos seus empregos e seus direitos.
O assunto foi denunciado ontem mesmo pelo presidente da Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV), José Boaventura, a dirigentes da UNI Sindicato Global, à Confederação Sindical das Américas (CSA) e a representantes de diversas centrais sindicais brasileiras, além de sindicatos nacionais e internacionais, reunidos num seminário internacional, que acontece em São Paulo desde o dia 4.
Segundo o presidente do Sindvalores-DF, Carlos José das Neves, foi realizada uma assembleia e os trabalhadores deliberaram que, caso a situação se repita, a paralisação será por tempo indeterminado.
“Se a empresa pode usar o horário de expediente para fazer manifestação, nós, trabalhadores, também podemos. Não vamos aceitar de forma alguma que isso aconteça novamente”, assegurou Neves.