Os ônibus fretados da Vila Santander Paulista estampam a frase “Call Center do Nosso Jeito”. Para os bancários do departamento, o “jeito” imposto pelo banco espanhol em São Paulo está longe do ideal para virar propaganda. Falta respeito aos horários de descanso, faltam funcionários, até as idas ao banheiro são controladas por alguns gestores. E sobra trabalho.
As diretoras do Sindicato Maria Carmem Meireles e Maria Rosani cobraram do banco, em reunião na quarta-feira 5, explicações sobre mudanças de horário no setor. “O banco muda a jornada de seus funcionários do call center em até três horas sem se importar com o transtorno na vida pessoal desses trabalhadores.
O resultado é o funcionário preocupado com o horário de saída da escola do filho, com horários de cursos, faculdade. É falta de respeito impor esse tipo de alteração”, ressalta Carmem.
Representante do Santander alega que as alterações foram feitas após registrar ociosidade em alguns horários. “Denúncias que recebemos mostram o contrário. Muitos bancários ficarão com acúmulo de trabalho e o que falta é mais contratações”, explica Maria Rosani.
A orientação do Sindicato é que os trabalhadores encaminhem aos seus gestores documentos que comprovem seus compromissos para que não comprometam sua vida pessoal e educacional por conta da mudança. “O banco se comprometeu a avaliar caso a caso”, afirma Carmem.
Descanso é descanso
O contrato de trabalho dos bancários do call center prevê 30 minutos de descanso durante o expediente. Segundo Carmem, são 20 minutos de lanche e outros 10 para o descanso. No entanto, segundo denúncias dos trabalhadores, alguns gestores estipularam que esse período deve ser utilizado para as idas ao banheiro.
“Frequentemente ficamos a par de decisões judiciais que condenam empresas por conta do controle de idas ao banheiro e o Santander precisa reorientar seus gestores sobre esse assunto. É obvio que um trabalhador não prejudicará a produtividade por conta de beber água e ir constantemente ao banheiro. Cada pessoa tem um funcionamento e não pode ser mal visto por ir mais que seu colega de trabalho ao banheiro.
“É preciso bom censo e uma comunicação melhor com os bancários do Santander que estão no call center. Os 10 minutos não podem ser fracionados para esse tipo de prática, pois é um horário de pausa, de descanso, para prevenir, por exemplo, doenças ocupacionais como as LER/Dort”, destaca a dirigente sindical Maria Carmem Meireles.
“Almoço flutuante”
O Santander também alterou o sistema de controle de pausa no Call Center Vila Santander. Com isso, adotou a prática do “horário de almoço flutuante”. Antes, cada trabalhador almoçava em um horário de almoço fixo, estipulado pelo RH. Agora, os funcionários ficam sabendo que horas irão almoçar somente quando chegam ao trabalho e abrem o sistema. O horário é diferente todos os dias.
“Quem chega ao trabalho às 11h, às vezes recebe o aviso de horário para 12h e é obrigado a sair para o almoço mesmo sem fome”, explica a dirigente Maria Rosani.
O banco comunicou que o sistema passa por ajustes e que as alterações não serão drásticas. O Sindicato continuará acompanhando a rotina dos trabalhadores do call center e qualquer denúncia deve ser encaminhada aos dirigentes sindicais.