Valor Econômico
Cristiane Perini Lucchesi, de São Paulo
A corretora do Itaú Unibanco, que desde a fusão está sob os cuidados do Itaú BBA, iniciou guinada estratégica em busca de maior internacionalização. “Queremos ser uma casa global com DNA do Brasil”, definiu o recém-contratado Christian Egan, brasileiro de 35 anos, o novo presidente da Itaú Securities, que acaba de voltar ao Brasil depois de 12 anos de carreira em Nova York.
Ele foi tirado do Credit Suisse, onde tinha contato direto com os principais investidores americanos para vender ações de América Latina, Europa, Ásia e mercados emergentes.
Egan assume no lugar de Roberto Nishikawa, que se juntou ao time de Alfredo Setubal na gestora de recursos do banco, a Wealth Management Services (WMS). Na nova estrutura, no entanto, toda a área de varejo da corretora, incluído o home broker, que antes também ficava sob responsabilidade de Nishikawa, vai agora para a WMS. O responsável pelos negócios de varejo é o diretor Jean Sigrist.
Sob os cuidados de Egan ficam a distribuição para as pessoas físicas mais ricas da área de private banking e o atendimento aos clientes maiores, institucionais, além dos mais de 30 analistas da área de ações e também a corretora de mercados futuros de juros, câmbio e produtos agrícolas. São cerca de 150 pessoas. A corretora também tem escritório em Londres e presença em Dubai e Hong Kong.
Egan revela que pretende trazer à corretora do Itaú práticas consagradas internacionalmente para atrair investidores do mundo todo que desejam aplicar seus recursos no mercado de ações brasileiro, latino-americano e, também, dos países emergentes em geral.
Os investimentos previstos em pessoal, em aluguel e reforma do novo escritório do Itaú BBA em Nova York e em tecnologia chegam a um total de US$ 10 milhões em 2010. Hoje, o banco está situado no número 540 da avenida Madison. Mas está mudando seu time para o conhecido prédio da megastore da Apple, onde fica também a loja de brinquedos FAO Schwarz, na esquina do Central Park, no número 767 da 5ª Avenida. O novo escritório será em uma cobertura, no 50º andar.
O time no escritório vai crescer de 68 para mais de 80 pessoas e inclui, além da corretora, a equipe de private banking, gestão de recursos, corporate e de renda fixa, time de suporte e tesouraria. Uma das primeiras contratações de Egan foi o americano Kevin Hard, que também veio do Credit Suisse e era responsável pela distribuição de ações da Rússia e China para americanos.
Ao grupo de analistas de empresas virão se juntar dois especialistas em México, que ficarão situados na própria Cidade do México ainda no primeiro semestre. Depois, a corretora passará a fazer análises de empresas da Argentina e do Chile.
Além do escritório em Nova York e pessoal, o maior investimento será em “tecnologia de ponta” para fazer frente a uma tendência inexorável do mercado de ações internacional: o crescimento da chamada negociação eletrônica ou algorítmica, cujas ordens de compra e venda são dadas por computador. “Cada vez mais fundos de arbitragem estatística virão investir no Brasil”, diz.
Para tomar suas decisões, os computadores recebem um volume grande de informações do mercado e, por meio de parâmetros matemáticos pré-estabelecidos, percebem pequenos desequilíbrios nos preços de um ativo e atuam de forma a ganhar com eles. C
omo essas diferenças de preço são pequenas e duram pouco tempo, a única de forma de ganhar muito dinheiro com elas é fazer um volume grande de negócios. E é justamente isso que os computadores fazem: mandam muitas ordens de compra e venda em questão de segundos, em volumes que um operador humano jamais conseguiria.
Para atender à demanda desses clientes , os bancos precisam ampliar muito sua capacidade de processamento. O Itaú BBA adquiriu a tecnologia da GL e ampliou sua capacidade 10 vezes em 2009 com relação a 2008 e, neste ano, ampliará mais 15 vezes em relação a 2009. “São 150 vezes em dois anos”, diz.
Mas o investimento em tecnologia não se limita a isso. O Itaú BBA está desenvolvendo um pacote de algoritmos específico para o mercado brasileiro usando dados detalhados de cada ação no mercado brasileiro. “Há fundos com pacotes semelhantes no país, mas só para uso próprio”, explica Egan. “Nós seremos o primeiro banco a oferecer isso aos nossos clientes.”
Egan ainda quer inovar ao trazer ao banco o modelo de trader setorial de ações. “Isso acontece em toda a corretora dos maiores bancos do mundo, mas não existe ainda no Brasil”, diz.
A ideia é que também o operador se torne especialista, troque informações com os analistas do banco e consiga orientar o cliente sobre o melhor momento para a compra ou venda. Outra novidade: com o novo sistema, as diferentes áreas do banco vão poder ver as ordens de compra e venda de clientes de outras áreas e poderão fechar negócios melhores “dentro de casa” do que direto no mercado.
Christian Egan está terminando curso de tecnologia em negócios no New York Institute of Technology. É economista não formado pela Faap e pela Cândido Mendes. Já trabalhou no Garantia e no Pactual, tendo começado aos 18 anos no banco Fonte, que depois virou FonteCindam.
Foi encontrado por um “head hunter” e contratado diretamente por Jean-Marc Etlin, o cada vez mais poderoso responsável pelo banco de investimento do Itaú BBA, para quem responde diretamente.