Greve no Paraná tem quase 20 mil bancários paralisados

A greve nacional dos bancários entra na terceira semana, nesta terça-feira (20). Já são mais de 13 mil agências fechadas no país – recorde histórico. No Paraná, o número de trabalhadores paralisados chega a quase 20 mil: são 822 agências e 10 centros administrativos fechados, totalizando mais de 19.800 bancários. Os dados são da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (FETEC-CUT-PR) que representa 85% do total de bancários no estado.

Enquanto o setor produtivo do país amarga prejuízos, o lucro dos bancos supera o de todos os outros setores juntos, de acordo com levantamento divulgado pela revista Infomoney, divulgada no dia 06 de setembro. Com lucro de quase R$ 70 bilhões em 2015 e R$ 30 bilhões no primeiro semestre deste ano, os banqueiros se recusam a sequer repor as perdas inflacionárias aos seus funcionários que reivindicam também um aumento real de 5%.

De acordo com um estudo feito pelo investidor independente, Tiago Guitián Reis, o fato do setor estar tão concentrado em três empresas (Itaú UNibanco, Bradesco e Banco do Brasil) faz com que haja uma espécie de oligopólio, muito prejudicial ao consumidor e à economia em geral.

O setor que mais lucra no Brasil também é o que mais demite. Os cinco maiores bancos brasileiros (Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) fecharam mais de 13.600 postos de trabalho em relação ao mesmo período de 2015 e, juntos, fecharam 422 agências bancárias.

Para o presidente da FETEC-CUT-PR, Júnior César Dias, a sociedade se sensibiliza com a greve dos bancários e entende que os bancos precisam exercer um papel atuante na recuperação da economia ao invés de só obterem lucros explorando clientes, funcionários e ofertando cada vez menos crédito com taxas de juros astronômicas.

"Estamos dialogando com a sociedade a respeito deste momento de enfrentamento com o seguimento que mais lucra e que menos gera emprego. E o que percebemos é uma total insatisfação da população com os banqueiros. Não é para menos. Os controladores do sistema financeiro não querem fazer o mínimo esforço para contribuir com o crescimento econômico e social do país", analisou Dias.

Funcionários de bancos públicos auxiliam na mobilização da greve

O trabalho cada dia mais ostensivo dos funcionários dos bancos públicos junto à mobilização dos trabalhadores nos bancos privados tem sido apontado como fator decisivo para o aumento da adesão à greve no Paraná, segundo aponta secretário para bancos públicos da FETEC-CUT-PR, Marcelo Legnani.

"Demorou um pouco, mas caiu a ficha. Os trabalhadores do Banco do Brasil e da Caixa Econômica finalmente se conscientizaram de que a terceirização irrestrita e a privatização não são teorias conspiratórias. Estão prestes a serem implantadas e em regime de urgência, assim como a reforma trabalhista, o negociado contra o legislado, a reforma da previdência. Tem sido um trabalho árduo e insistente dos sindicatos alertando a esses problemas. Agora, esses funcionários estão ajudando nos piquetes junto aos bancos privados", contou Legnani.

Na região de Arapoti, o diretor sindical, Alex de Almeida, relata que nesta terça-feira (20) houve o fechamento de mais cinco agências bancárias, totalizando 38 unidades paralisadas. Ele também corrobora que a ajuda dos colegas dos bancos públicos foi primordial para a adesão nos bancos privados.

"Cientes de todos os ataques aos direitos já conquistados e sentindo os reflexos imediatos nas condições de trabalho, o foco tem sido em mostrar aos colegas dos bancos privados que todos sofrerão arrocho salarial e demissões se não se unirem na greve nacional", comentou Almeida.

 

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