(São Paulo) A Comissão de Empresa da Contraf se reunirá nesta sexta-feira com a direção do Banco do Brasil, às 17h, em Brasília, para discutir o pacote de reestruturação do banco. O presidente do BB, Lima Neto, deverá estar presente. O encontro foi solicitado pela representação dos trabalhadores durante a reunião ocorrida nesta segunda-feira, intermediada pelo secretário de Relações Trabalhistas do Ministério do Trabalho, Luiz Antônio Medeiros.
O presidente do banco terá a difícil tarefa de justificar cortes de funcionários num cenário tão positivo quanto o demonstrado pelos resultados do BB neste primeiro trimestre. Se considerados os ganhos extraordinários do ano passado (créditos tributários de R$ 1,4 bilhão), houve queda de 40% no lucro líquido. No entanto, descontando-se esse fator, o lucro líquido de R$ 1,41 bilhão no primeiro trimestre foi 50% superior ao obtido no mesmo período do ano passado.
Outros números que se destacaram foi o aumento de 33% na carteira de crédito, passando para R$ 140,38 bilhões. O retorno recorrente sobre o patrimônio líquido médio anualizado foi de 29,4%, contra 22,5% em igual período de 2006.
“Os números mostram mais uma vez que a direção do banco do Brasil não tem nenhum motivo para as medidas que vem tomando de corte de pessoal, descomissionamento, terceirização, além do terror que vem implantando nos locais de trabalho. Está indo na contramão dos objetivos de um banco público e da diretriz do governo Lula, de fomentar o crescimento e melhorar o atendimento à população”, afirma Marcel Barros, coordenador da Comissão de empresa dos Funcionários.
Mentira nos números – Em comunicado interno divulgado ontem a direção do Banco do Brasil afirmou que “… Em relação à Rede Varejo, as mudanças nas dotações levaram ao crescimento no número total de comissões na Empresa…” Na tabela divulgada no mesmo documento fica claro que ocorreu o inverso. A própria direção do banco escreveu que as dotações anteriores eram 58.848 (total na coluna Dotação Anterior) e passaram para 58.246 (total da coluna Dotação Nova), diminuição de 602 postos. “Será que a direção do banco acha que o bancário não sabe ler ou está tão acostumada a mentir em relação aos números que divulga que nem percebe essas bobagens?”, questiona Marcel. “Sem contar que alega que está ‘centralizando’ com o objetivo de mandar as pessoas para as agências, argumento que cai por terra com os números apresentados.”
Semelhanças
Nesta segunda-feira, dia 14, o banco divulgou a reclassificação das agências e a lista de excedentes. São duros golpes para os funcionários do banco, que vêm, no primeiro caso, suas comissões reduzidas e, no segundo, seu nome numa lista que, na prática, diz “você deveria pedir demissão”.
O tratamento desrespeitoso mostra a contradição dos administradores do banco em relação à política propalada pelo governo de valorização dos trabalhadores, ao definirem como idade para ficar no banco o marco de 50 anos, como se não existisse legislação exigindo 35 anos de trabalho para aposentadoria por tempo de serviço.
Se assemelha a atitudes tomadas pela diretoria em momentos do govenro FHC. Em 1995, quando se cobrava negociação a direção do banco, em comunicado confidencial aos gestores, Ximenes dizia: “…a gente pode ajudar as pessoas a administrar isso aqui, ou pode ser vítima de alguém que vai administrar por nós: sindicatos, igreja, até clientes…”. A atual diretoria do banco, em resposta ao jornal O Globo, afirma que “não vamos negociar, pois não estamos na data-base”.
Os administradores do BB demonstram falta de respeito aos trabalhadores e suas entidades de representação. Além disso, mostram despreparo para lidar com as questões envolvendo interesses dos empregados, pois não é possível alguém pensar que um pacote envolvendo fechamento de unidades, transferências compulsórias e demissões de trabalhadores não mereça ser objeto de discussão com os sindicatos e funcionários.
Pesquisas
A prova de que o banco não sabe o que pensa o funcionalismo está em pesquisa realizada pelo Sindicado de Brasília revelando que 65% dos entrevistados naquela cidade são contra o plano, ressalte-se que Brasília é uma das cidades onde o impacto é menor que em outras regiões. Na mesma trilha caminha pesquisa virtual da ANABB, no seu “site”, mostrando que 52% são contra o plano. Os dados mostram o erro dos dirigentes do banco ao adotar medidas já aplicadas e condenadas em tempos passados, ações que levaram o funcionalismo ao fundo do poço no que diz respeito à solidariedade, estima, valorização e cumplicidade e dedicação. Os funcionários BB não merecem isso.
Fonte: Contraf-CUT