Inaldo Cristoni
Valor Econômico, de São Paulo
Até 2015 estão previstas inaugurações de novos e modernos data centers que atenderão a demanda de processamento dos cinco maiores bancos brasileiros de varejo durante os próximos 20 anos, em média. Resultados de investimentos vultosos, os projetos incorporam o que existe de mais avançado em recursos tecnológicos para suportar o crescimento do volume de transações bancárias.
As instalações representam uma mudança na arquitetura predominante no Brasil, já que são desenhadas em uma configuração ativo-ativo. Nesse modelo, há uma replicação de dados – também chamada de carga distribuída – em dois prédios próximos entre si para que se tenha baixa latência, de forma a garantir a continuidade da operação em caso de falha de um dos sites. Isso é importante porque os bancos usam mainframes para processar as aplicações de missão crítica e quanto menor a distância entre os sites, melhor é o desempenho dessas máquinas.
O Santander investiu R$ 1,1 bilhão em um complexo localizado em Campinas, que reúne dois sites distantes entre si cerca de 500 metros e um centro de comando. Inaugurado em junho, o ambiente está conectado com outros do gênero que operam na Espanha, México e Inglaterra e pode oferecer serviços para outras empresas do grupo Santander na América Latina.
Fernando Diaz, diretor executivo de TI do Santander, revela que o site conta com 9 mil servidores lógicos e físicos, apresenta índice de virtualização superior a 80% e foi dimensionado para suportar 210 milhões de transações por dia, em média. A migração completa dos sistemas para o novo data center será concluída no primeiro trimestre de 2015.
O Itaú Unibanco ainda não definiu a data de inauguração de seu novo data center, localizado em Mogi Mirim, que tem 55 mil m2 de área construída, acomoda 12.350 servidores, dos quais mais de 90% configurados em arquitetura Blade, e pode processar 24 mil transações por segundo na plataforma aberta, enquanto no mainframe o volume chega a 230 mil Mips (milhões de informações por segundo).
Segundo Rooney Silva, diretor de infraestrutura e arquitetura de TI do banco, o investimento de R$ 3, 2 bilhões corresponde apenas à primeira das três fases do projeto. Na última, a ser iniciada entre 2030 e 2035, o planejamento é ocupar 140 mil m2 de área construída.
O Banco do Brasil conta com dois sites em Brasília, dimensionados para processar 280 mil Mips e armazenar 10 mil Terabytes de dados. Um deles passou em 2010 por um processo de modernização da infraestrutura e instalação de novos computadores, como parte de um investimento de R$ 1 bilhão que o banco faz todos os anos em tecnologia da informação.
O segundo data center, cuja infraestrutura é compartilhada com a Caixa Econômica Federal, entrou em operação em março do ano passado, com aporte de R$ 1,5 bilhão em hardware, software e dispositivos de conectividade. “As informações críticas de nossos clientes já estão armazenadas simultaneamente nos dois data centers”, explica Daniel Oliveira, gerente geral da Unidade de Operação de Soluções de TI da Diretoria de Tecnologia do Banco do Brasil, acrescentando que as instalações são suficientes para suprir a demanda por processamento pelos próximos 15 a 20 anos. Atualmente, os clientes dos bancos realizam cerca de 60 milhões de transações por dia, sendo que 95% delas são por meio de canais eletrônicos.
A Caixa, que havia aplicado R$ 74 milhões no data center compartilhado com o Banco do Brasil, desembolsou R$ 160 milhões na construção de outro site em Brasília, previsto para entrar em operação no primeiro semestre de 2015. Com a replicação de carga entre os dois ambientes, o banco já desativou um site antigo no Rio de Janeiro e fará o mesmo com outros dois de São Paulo e Brasília.
O banco terá a segunda ou terceira capacidade instalada de processamento de dados no mercado, atingindo um volume de 220 mil Mips, informa Roberto Zambon, diretor de TI da Caixa. Segundo ele, o mobile banking e o internet banking “são os canais que apresentam crescimento mais expressivo, representando de 30% a 40% do volume registrado pelo banco”, diz.
O Bradesco foi um dos primeiros a construir um novo data center. O site de Osasco, na região metropolitana de São Paulo, entrou em operação em 2008 e conta com um site de contingência em Barueri (SP). Como sua capacidade de processamento cresce a uma taxa média de 15% a 20% por ano, em decorrência do surgimento de novas aplicações, o banco destina parte do orçamento anual de TI, de aproximadamente R$ 4 bilhões, para expansão do ambiente.
Segundo Waldemar Ruggiero Júnior, diretor do Departamento de Processamento e Comunicação de Dados do Bradesco, as transações diárias por meio do mobile banking saltaram de 2,058 milhões entre abril do ano passado para 4,011 milhões no mesmo mês de 2014, representando um incremento de 95% no período.