SHEILA D’AMORIM
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O medo de que a falência do Lehman Brothers, o quarto maior banco de investimento dos EUA, venha a desencadear uma onda de quebras generalizadas no setor financeiro norte-americano fez o Fed (o banco central norte-americano) diminuir as exigências na concessão de empréstimos para bancos com problemas. Isso permitirá que títulos brasileiros entrem nessa negociação pela primeira vez.
Quem precisar recorrer às linhas de socorro do Fed poderá dar como garantia títulos de menor liquidez e também os que têm o selo de grau de investimento. Até então, o Fed só aceitava como garantia papéis de primeiríssima linha, entre eles os classificados de AAA pelas agências internacionais de risco e os títulos domésticos do mercado hipotecário.
A decisão poderá fazer com que ocorra uma situação inusitada: instituições financeiras norte-americanas poderão pegar dinheiro emprestado com o Fed dando como garantia do pagamento títulos do governo que já são considerados grau de investimento e de empresas brasileiras que tenham o selo.
Os detalhes da decisão do Fed, como o montante desses novos papéis que passarão a ser aceitos, deverão ser anunciados hoje. Inicialmente, sabe-se que as garantias exigidas para uma das linhas de redesconto seguirá o padrão adotado pelas duas maiores instituições custodiantes do mercado.
O JPMorgan e o Bank of New York são tradicionalmente referência nessa área, o que levantou no mercado a possibilidade de que sejam usadas até ações nas negociações de empréstimos com o Fed.
A interpretação do comunicado do BC dos EUA é que ele está preocupado com o impacto que a quebra do Lehman terá em instituições que tinham negócios com os bancos e, sobretudo, com os custodiantes -responsáveis em última instância pela operação- que atuam no mercado e vendiam papéis e operações estruturadas incluindo o banco de investimento.