Bradesco é campeão olímpico em demissões

O espírito olímpico é capaz de despertar as atitudes mais dignas. Superação, companheirismo, humanidade, altruísmo. Mas lamentavelmente esse clima não contagiou o Bradesco, mesmo sendo a instituição financeira patrocinadora oficial dos Jogos Olímpicos Rio 2016.

O banco lucrou quase R$ 21,9 bilhões nos últimos 15 meses e cortou 3.581 postos de trabalho entre março de 2015 e março de 2016.

Diante desse cenário revoltante – mas infelizmente típico no setor bancário – o Sindicato  dos Bancários de São Paulo protestou contra o corte de empregos na quinta-feira 21. E o momento não poderia ter sido mais adequado: durante a passagem da tocha olímpica pela matriz da instituição, localizada em Osasco, na Grande São Paulo.

Mobilizados diante da entrada principal da matriz, dezenas de dirigentes sindicais portando faixas denunciaram o cenário de terra arrasada no Bradesco. Dentro da matriz, a tocha foi exibida durante show com artistas como Rogério Flausino e Baby do Brasil. Estranhamente, poucos minutos depois, ela ressurgiu na avenida Bussocaba, o que levanta suspeitas sobre se o banco possui um teletransporte ou se havia duas tochas.

Mas toda a parafernália armada pelo Bradesco para justificar o patrocínio milionário não convenceu muito os bancários, que estão mais preocupados com as demissões do que com os jogos olímpicos.

“Todo dia é um dando tchau”, relatou um funcionário. “Mês passado mandaram três embora e quem ficou acabou acumulando o trabalho”, emenda. “Podiam pegar todo esse dinheiro que gastaram com esse circo e contratar mais gente para dar conta do trabalho”, acrescentou um colega.

E não foi pouco o valor desembolsado. Segundo a agência de notícias norte-americana Bloomberg, o Bradesco pagou US$ 300 milhões para ser o único banco a explorar a marca dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Junto com a Coca-Cola e a Nissan, o Bradesco gastou outros R$ 500 milhões, ainda segundo a Bloomberg, para bancar o revezamento da tocha olímpica pelos 26 estados brasileiros e o Distrito Federal.

“O Bradesco deveria em primeiro lugar ter responsabilidade com os trabalhadores e com os clientes”, critica Neiva Ribeiro, diretora executiva do Sindicato e bancária do Bradesco. “As agências e departamentos estão desfalcados, tem muito adoecimento por conta da sobrecarga dos funcionários e das metas abusivas. E para nós, que estamos em campanha de valorização, a pauta mais importante é a defesa do emprego.”

Neiva ressalta que só o que o Bradesco arrecada com as tarifas cobradas dos clientes cobre, com folga, toda a sua folha de pagamento. “Por isso nós não admitimos demissões, e esse foi o momento para reforçar que o banco tem a obrigação de gerar emprego e contribuir com o desenvolvimento da sociedade, principalmente agora que estamos passando por uma crise econômica”, finaliza Neiva.  
 

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