A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) critica com veemência a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a Selic em 14,25% a.a., sem viés. Para a Confederação, isso só aumenta ainda mais a crise e empurra a economia para o abismo.
"Manter a taxa básica de juros só serve para manter a economia em recessão, com impactos negativos na geração de empregos, o movimento sindical está cansado de repetir isso! Aprofunda a crise brasileira, aumenta a dívida pública e drena recursos da sociedade para o rentismo, ou seja, para os banqueiros, ressaltou o presidente da Contraf-CUT Roberto von der Osten.
Erro gravíssimo
Com perspectiva de queda do PIB em torno de 7%, entre 2015 e 2016, até mesmo os economistas mais conservadores temem que a manutenção da taxa de juros venha a piorar o cenário econômico do país. A taxa alta com PIB muito abaixo do seu potencial é um erro gravíssimo, diante de uma perspectiva de recessão.
“Sendo a Selic, apenas uma referência ao mercado financeiro, as taxas de fato aplicadas nos bancos são muito maiores afetando investimentos e consumo. As taxas de juros do cartão de crédito, por exemplo, já ultrapassam os 400% ao ano, em média. Há bancos cobrando mais de 700%, segundo o próprio Banco Central tem divulgado em seu site”, explicou o presidente da Contraf-CUT.
Desemprego aumenta e investimentos caem
Com a Selic alta, as empresas encontram dificuldades para financiar seus investimentos, reduzem sua capacidade produtiva e fecham suas portas. O desemprego aumenta, a renda em circulação cai e o consumo em baixa afeta mais ainda as empresas que tentam sobreviver. Até novembro de 2015, foram fechados quase 1 milhão de postos de trabalho no país, no ano, segundo o Caged.
“Para um país crescer é necessário que se elevem os investimentos, seja por parte das empresas ou pelo governo. Sendo assim, é contraditória a ação do Banco Central em manter a taxa de juros básica da economia”, afirmou Roberto von der Osten.
Medida não combate inflação
A inflação oficial medida pelo IPCA alcançou, em 2015, 10,67%. Isso, por si só, já demonstra que a política econômica que vem sendo adotada pelo Banco Central não está surtindo efeito sobre a inflação, seu principal objetivo.
O risco desse cenário é um crescimento mais que proporcional nos repasses dos aumentos de custos pelos agentes econômicos (crescimento da indexação na economia), perpetuando a inflação no país, já tão preocupante.
Segundo o Boletim de Política Fiscal do Banco Central, de janeiro a novembro, os juros nominais pagos aos credores pelo governo alcançaram R$449,7 bilhões, comparativamente a R$264,2 bilhões no mesmo período do ano anterior, representando um crescimento de mais de 70%. Ou seja, os gastos do governo com juros da dívida em 2015 já superaram 8,4% do PIB em 2015. E, tendo em vista que a dívida mobiliária federal interna, totalizou R$2.575,3 bilhões (43,6% do PIB), em novembro, mais aumentos na taxa Selic, só tendem a piorar esse quadro.
“A roda da economia vai parando e a desigualdade crescendo, com o orçamento do governo cada vez mais comprometido com o pagamento dos juros da dívida pública, em benefício dos grandes especuladores do sistema financeiro e em detrimento de toda a sociedade brasileira”, concluiu o presidente da Contraf-CUT.