Cresce 73% a exposição de bancos brasileiros a paraísos fiscais

Os bancos brasileiros tinham exposição de US$ 63,3 bilhões no exterior no fim de março, numa alta de 17,5% em relação a dezembro de 2009, revela o Banco Internacional de Compensações (BIS), espécie de banco dos bancos centrais, em novo levantamento sobre a atividade bancária global.

Entre dezembro e março, a banca brasileira reduziu em 6,8% seu engajamento nos países desenvolvidos, abalados pela persistente crise econômica, caindo de US$ 33,8 bilhões para US$ 31,5 bilhões. Houve alta leve de 13,6% na Europa, mas baixa de 22,6% na exposição brasileira nos Estados Unidos.

Mas o maior crescimento foi em centros offshore, de 73,2%, passando de US$ 10,1 bilhões para US$ 17,5 bilhões em três meses. A grande fatia está registrada nas Ilhas Cayman, onde o montante dobrou para US$ 13,3 bilhões.

Fontes bancárias em Basileia, sede do BIS, acham que uma explicação para a maior exposição dos bancos brasileiros seria a valorização do real em relação ao dólar. Financiamentos em real e também passando pelos centros offshore podem ter atraído fundos hedge, por exemplo.

Ao mesmo tempo, os bancos estrangeiros continuaram ampliando sua exposição no Brasil, com o estoque alcançando US$ 403,5 bilhões no primeiro trimestre, numa alta de 29,5% em relação ao mesmo período de 2009 e de 7,8% comparado a dezembro.

A expansão foi tanto no estoque total de financiamento internacional (estoque de US$ 168 bilhões) como em moeda local ( US$ 235,5 bilhões).

Globalmente, pela primeira vez desde setembro de 2008, após uma contração acumulada de 11% na atividade bancária global, no primeiro trimestre os financiamentos internacionais aumentaram 2% em março, ou US$ 700 bilhões.

Mas não existe uma recuperação efetiva ainda. Grande parte foi de empréstimos entre subsidiárias dos bancos e, sobretudo, entre instituições localizadas no Reino Unido e na Grã-Bretanha.

Fontes bancárias notam que os créditos para o setor não financeiro na verdade incluem os fundos hedge e as companhias de private equity, de forma que a maior parte do crédito não foi para o setor produtivo diretamente.

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