(Maceió) O Sindicato dos Bancários de Alagoas vem realizando esta semana uma campanha de denúncias contra o assédio moral, prática que tem aumentado consideravelmente nos bancos de Alagoas e de todo o Brasil. Diariamente, funcionários de bancos públicos e privados são pressionados para cumprir metas absurdas de venda de produtos, abertura de contas e captação de recursos, o que acaba adoecendo parte significativa da categoria.
A campanha contra as metas abusivas e o assédio moral dos bancos teve início na terça-feira. Os bancários fazem pronunciamentos e encenações teatrais nas principais agências de Maceió, num protesto irônico que visa ganhar o apoio dos clientes e usuários. As mensagens também são dirigidas aos próprios empregados, pedindo que eles lutem contra as pressões e denunciem os autores do assédio.
O assédio se caracteriza pela tortura psicológica, o terror e a violência moral continuada, que colocam o trabalhador em situações humilhantes e constrangedoras durante a jornada de trabalho. O assédio parte geralmente de superiores hierárquicos e é expresso por comportamentos ou palavras que atentam contra a dignidade e integridade física ou psíquica das pessoas, visando desqualificá-las e desmoralizá-las profissionalmente, tornando o ambiente de trabalho desagradável e hostil.
Segundo o INSS, os bancários são a categoria que mais se utiliza do auxílio-doença pago pela Previdência, devido aos problemas psíquicos e físicos adquiridos no ambiente de trabalho. Como se não bastassem as Lesões por Esforço Repetitivo (LER), que os acompanha por mais de duas décadas, o assédio moral tem gerado uma legião de trabalhadores com distúrbios mentais (depressão, neurose, psicose, angústia, insônia, alcoolismo e estresse pós-traumático).
Enquanto os bancários adoecem, os bancos lucram cada vez mais com esse tipo de estratégia. No trimestre deste ano, algumas instituições financeiras voltaram a divulgar o balanço com um crescimento expressivo do lucro líquido, a exemplo do Bradesco, que obteve R$ 1,7 bilhão de janeiro a março. O resultado é 11% superior ao obtido no mesmo período do ano passado. "Isso foi obtido não só com o trabalho extenuante dos bancários, mas com a exploração dos clientes e usuários, que pagam tarifas caras, de forma indiscriminada", disse Jairo França, diretor do Sindicato dos Bancários.
Nos protestos realizados em Maceió, os bancários também registram uma piora no atendimento ao público, devido a falta de mais caixas nos bancos. As filas estão cada vez maiores e o tempo de espera chega a três horas em algumas unidades. A situação mais crítica é a do Unibanco, no Centro, onde mais de 600 pessoas se aglomeram para ter acesso a três caixas. O quadro na agência sempre foi caótico, mas se agravou depois que o banco fechou a unidade da Rua do Comércio, transferindo clientes e contas para essa agência problemática.
"O banco fechou a unidade para reduzir gastos e aumentar a lucratividade. Enquanto isto os usuários penam nas filas e os bancários, que não têm culpa de nada, também sofrem com as reclamações, além da sobrecarga de trabalho. Esta é outra situação que contribui para gerar estresse e outras doenças relacionadas ao trabalho", acrescenta Jairo França.
No caso do assédio moral, o Sindicato dos Bancários está preparando um certificado para colocar nos bancos que mais se utilizam dessa prática. O texto diz: "Certificamos que essa agência bancária pratica assédio moral contra os funcionários, para exigir metas absurdas de venda e aumentar o lucro dos banqueiros.Ela é responsável pelas doenças psíquicas e Lesões por Esforço Repetitivo (LER) adquiridas pelos bancários".
Fonte: Seeb AL