Governo volta a pressionar bancos a cortar juros e ampliar crédito

Claudia Safatle e Edna Simão
Valor Econômico

Os bancos reduziram pouco os juros cobrados do tomador final, mesmo depois que o governo os pressionou para que fizessem o repasse da queda da taxa Selic para o custo final do dinheiro. Cortaram modestamente o spread e fizeram um pequeno movimento de aumento da oferta de crédito.

Ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, chamou os dirigentes dos maiores bancos públicos e privados para dizer que eles não fizeram o bastante. “Houve uma melhora, mas não a contento”, disse uma fonte da Fazenda.

Estavam presentes à reunião o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e os presidentes do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, e da Caixa, Jorge Hereda. Do setor privado, participaram do encontro Júlio Araújo, vice-presidente do Bradesco; Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco; Marcial Portela, presidente do Santander; Silvio Aparecido de Carvalho, vice-presidente do Safra; Hélio Lima Magalhães, presidente do Citibank; André Brandão, presidente do HSBC; e Pérsio Arida, vice-presidente do BTG.

A direção da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) não foi convidada a comparecer, depois dos desentendimentos com o governo durante o primeiro “round” da ofensiva do governo sobre os juros bancários, em março e abril.

Mantega deixou claro tanto para os bancos públicos quanto para os privados que o governo vê espaço para movimentos mais ousados de aumento da oferta de crédito e de diminuição dos spreads – “o spread no Brasil continua fora do lugar”, alegam fontes da Fazenda.

A expansão do estoque de crédito, da ordem de 18% em doze meses, é influenciada pelo aumento de financiamentos imobiliários. Os empréstimos para consumo continuam fracos, avaliam essas fontes.

A inadimplência está em queda e não pode ser mais uma justificativa para a timidez do sistema bancário. Para o ministro, eles precisam cortar mais os juros e ser mais proativos na concessão de crédito para que a recuperação da economia seja mais rápida.

Só num ambiente de crescimento econômico e taxa Selic baixa é que a bolsa de valores vai reagir e as instituições financeiras vão recuperar as perdas de valor no mercado de capitais.

Todos os presentes concordaram com a avaliação de que a economia começou a reagir no segundo semestre e que estará com crescimento mais forte no último trimestre deste ano.

Encerrado o encontro, os dirigentes das instituições privadas deixaram o prédio da Fazenda sem falar com os jornalistas.

Os presidentes do BB e da Caixa comentaram apenas que esperam, de fato, um segundo semestre melhor do que o primeiro. “Estamos com expectativa bastante positiva”, disse Bendine.

Especificamente aos bancos públicos, que lideraram o processo de cortes de juros no início do ano, Mantega pediu mais empenho. Para o ministro, nem mesmo eles fizeram todo o movimento que poderiam ter feito.

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