Cliente do Santander avalia oferta de indenização
Bloomberg News, de Madri
Charles Penty
Os clientes do Banco Santander que enfrentam prejuízos gerados por investimentos feitos com Bernard Madoff fizeram fila ontem nos escritórios do banco em Madri para discutir sua oferta de indenização. Nem todos estavam aceitando o acordo. “Não vou assinar”, disse José Luis del Barrio, arquiteto de 62 anos e cliente “toda a vida” do Santander. “Só houve mentira e negligência”, disse ele, ao integrar-se ao grupo de pessoas aglomerado à porta do departamento de administração de grandes fortunas que tentava sair do banco, sob forte chuva, no Paseo de la Castellana, em Madri.
O Santander começou a convocar os clientes espanhóis na semana passada para agendar encontros pessoais sobre sua aceitação da oferta do banco de ressarci-los com ações preferenciais, que pagam 2% ao ano. O banco, o maior da Espanha, está tentando encerrar com acordo os prejuízos causados por 1,38 bilhão de euros (US$ 1,7 bilhão) aplicados junto a Madoff por sua rede mundial de administração de grandes fortunas.
O Santander, sediado na cidade espanhola de mesmo nome, anunciou a pretendida indenização na semana passada para proteger suas relações com os clientes, na primeira oferta do gênero formulada por um banco atingido pela suposta fraude. Madoff foi preso em 11 de dezembro e acusado de empregar bilhões de dólares aportados por novos investidores para remunerar os aplicadores mais antigos, num esquema piramidal.
O Santander não permite que os clientes vejam o contrato antes de suas reuniões com o banco e, em alguns casos, está lhes dando o prazo de até o próximo dia 5 deste mês para aceitar suas condições, disseram Fernando Zunzunegui e outros advogados que representam os clientes espanhóis em questões relacionadas a Madoff. Um porta-voz do Santander preferiu não comentar o caso.
O banco diz não haver no contrato prazo final para os clientes aceitarem suas cláusulas. “Estou grato por esta oportunidade de enfrentar o problema, uma vez que esta pode ser a melhor solução nestas circunstâncias´´, disse José María Zazo, vendedor de artigos para caça com 400 mil euros investidos no banco. Ele diz ter assinado o contrato na manhã de ontem.