São Paulo – Em meio ao processo de venda da Nossa Caixa para o Banco do Brasil, um grupo de funcionários do banco paulista começa a espalhar a desinformação em algumas agências e departamentos. São pessoas que nunca defenderam os interesses dos bancários e, agora, tentam confundir os trabalhadores, alegando que estão negociando com o BB a manutenção dos empregos e direitos. O Sindicato dos bancários de São Paulo, Osasco e região (Seeb SP) alerta para os bancários tomarem cuidado com os oportunistas de plantão.
Para Raquel Kacelnikas, diretora do Sindicato dos bancários de São Paulo, Osasco e região (Seeb SP) essas pessoas são as mesmas que apoiaram o tucano José Serra nas eleições para o governo do Estado e, inclusive, fizeram campanha aberta para ele dentro do banco, pedindo votos para o PSDB nas eleições.
“Que moral têm essas pessoas para negociar em nome dos trabalhadores se nunca defenderam nossos direitos? Esse grupo sempre esteve na base de sustentação do governo do Estado, como pode agora mudar de lado? Aliás, muitas dessas pessoas são gestores no banco e sempre reproduziram o assédio moral, a pressão, o desrespeito e até já defenderam a demissão dos aposentados”, lembra Raquel.
A dirigente ressalta que quem negocia em nome dos trabalhadores é o Sindicato, a Contraf-CUT juntamente com o Comando dos Funcionários da Nossa Caixa. “Aliás, é o movimento sindical cutista que sempre lutou pelos direitos dos bancários. Não fosse a CUT, a Nossa Caixa já tinha sido privatizada em 1994. De lá para cá, já lutamos contra a abertura de capital do banco, contra a venda das subsidiárias e contra o saque de R$ 2,1 bilhões que o governo Serra fez na Nossa Caixa, em abril do ano passado, em troca da manutenção das contas da folha de pagamento do funcionalismo. Essas pessoas que hoje dizem negociar em nome dos bancários nunca questionaram essas atitudes do governador. Pelo contrário, nunca tiveram coragem de lutar para exigir nossos direitos”, explica Raquel.
A sindicalista lembra que a venda da Nossa Caixa para o Banco do Brasil tem motivos exclusivamente eleitorais, já que a instituição paulista tem uma situação financeira saudável e é o último banco público do Estado. Raquel recorda que, durante o processo de negociação entre o governo de São Paulo e o Banco do Brasil, Serra não aceitou nenhuma outra forma de pagamento que não fosse em dinheiro vivo. Chegou a, inclusive, desistir do negócio porque o BB queria pagar uma parte em ações.
“O governador quer garantir um bom caixa para poder fazer obras que lhe rendam votos em 2010. Sua intenção é criar uma espécie de PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) estadual. Tanto que o Serra já informou que usará os R$ 5,3 bilhões em obras, prioritariamente na ampliação da malha de metrô e trens metropolitanos. E as cidades do interior, não vão receber nenhum centavo do dinheiro oriundo da venda da Nossa Caixa?”, pergunta Raquel.
Para a sindicalista, ao se desfazer de mais um patrimônio público, o PSDB continua promovendo o desmonte do Estado, sem se preocupar com as gerações futuras. E faz isso sustentado pelo voto de alguns funcionários da Nossa Caixa que hoje dizem defender o direito dos bancários.
“Só na última década, São Paulo já perdeu o Banespa, a Fepasa (ferrovias), o Ceagesp (centro de abastecimento), a Eletropaulo (geradora da energia), a Comgás e a Companhia Paulista de Força e Luz. Apesar do violento desmonte, rotulado pelos tucanos de ‘reengenharia’, a crise financeira só se agravou. Desde 1996, quanto teve início o Programa Estadual de Desestatização, no governo Mário Covas, estima-se que o Estado tenha arrecadado mais de R$ 77,5 bilhões com as privatizações. Naquela época, a dívida pública era de R$ 34 bilhões. Atualmente, ela gira na casa dos 140 bilhões. Onde foi parar o dinheiro das privatizações?”, questiona Raquel.