A conquista da licença-maternidade de seis meses foi um passo importante não só para as mulheres, mas para toda a sociedade no que se refere aos cuidados com as gerações futuras. Porém, para alcançarmos a verdadeira igualdade de condições na vida e no trabalho, a luta do movimento sindical será pelas relações compartilhadas, tema que será tratado na Mesa Temática de Igualdade de Oportunidades com a Febraban, cuja retomada é prioridade do movimento sindical.
O conceito de relações compartilhadas visa superar a divisão artificial de papéis que nossa sociedade tenta impor para cada gênero: as mulheres cuidam da casa e dos filhos enquanto os homens sustentam a família. Para isso, além dos espaços conquistados pelas mulheres no mercado de trabalho, é preciso que os homens compartilhem com as mulheres a responsabilidade pelo serviço doméstico e pela educação dos filhos, diminuindo a dupla jornada exaustiva que é hoje imposta sobre as mulheres. Nenhum dos gêneros pode sofrer qualquer prejuízo na vida profissional em função de responsabilidades familiares.
O movimento sindical bancário foi pioneiro ao trazer o tema para os debates dos trabalhadores, com a publicação em 2001 pela Confederação Nacional dos Bancários da cartilha Relações Compartilhadas – Um Outro Mundo é Possível. Além disso, o movimento inclui desde 2008 uma proposta ousada em suas reivindicações: a ampliação para seis meses também da licença-paternidade, que seria usufruída pelos homens após o retorno da mãe ao trabalho. Além de garantir um período maior de cuidados para o bebê num momento crítico de sua formação, a medida visa promover o conceito de relações compartilhadas, em que homem e mulher dividem de forma igual responsabilidades e direitos.
A idéia é fazer com que a sociedade deixe de encarar a criação das crianças como um papel exclusivo da mulher, mas sim uma responsabilidade do casal. Além disso, a medida garantiria aos pais a possibilidade de assumir maior responsabilidade na criação dos filhos e construir com eles uma relação mais sólida. Homens e mulheres são capazes de desenvolver todos os tipos de sentimento e realizar qualquer atividade, inclusive a criação dos filhos. Compartilhar essas tarefas gera melhor integração familiar e permite que homens e mulheres possam ter iguais oportunidades em todos os campos.
Na mesma linha está a campanha lançada pela CUT pela aprovação da Convenção 156 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que exige que sejam oferecidos a homens e mulheres com responsabilidades familiares o mesmo tratamento e as mesmas oportunidades dadas àqueles que não as têm. O documento recomenda ainda que os países criem mecanismos para ajudar os trabalhadores no cuidado com filhos e parentes. A Contraf-CUT e o movimento sindical bancário estarão atentos a essa discussão e vão pressionar pela ratificação da convenção, que seria um passo importante para a construção de relações realmente iguais.