Afubesp discute futuro do Plano Família com presidente da Cabesp

Representantes dos bancários cobraram explicações de Prupest

Na última quinta-feira (11), os dirigentes sindicais e da Afubesp Walter Oliveira, Wagner Cabanal, Vera Marchioni, Maria Rosani e Shisuka Sameshima estiveram com o presidente da Cabesp, Eduardo Prupest, para debater a situação do Cabesp Família.

Em uma reunião extensa, que passou de três horas de duração, os representantes dos beneficiários do plano pediram explicações sobre os motivos que levaram a diretoria da Caixa (inclusive os eleitos) a optarem pelo índice de reajuste mais conservador- de 30,44% – já que o atuário havia indicado também outros dois cenários, que impactariam menos as mensalidades (23,19% ou 24,58%).

Em resposta, o presidente da Cabesp disse que nos últimos anos não foram aplicados os maiores índices apontados (apesar de a soma dos três últimos reajustes chegar perto dos 77%), mas que neste ano o percentual maior foi escolhido por conta da situação do plano, que é grave.

Importante lembrar que o plano é de autogestão e que só podem aderir parentes de banespianos até terceiro grau, o que limita a ampliação do número de associados. O grupo possui uma média de idade é muito alta, quando comparado a outros do mercado, e o aumento da mensalidade levou centenas de pessoas a deixar o plano. Conclusão: o déficit cresceu para R$ 5 milhões mesmo depois da correção aplicada em maio.

Na reunião, os dirigentes mostraram sua indignação quanto à falta de transparência, pois é fato que na assembleia realizada em abril a direção da Cabesp já sabia da gravidade do problema, mas não explicou para os associados a necessidade da aplicação de um reajuste de 30,44% e que, mesmo assim, o plano poderia não se equilibrar, como ainda ocorre.

Para Vera Marchioni, é inadmissível que os eleitos pelos banespianos não tenham vindo a público e aproveitado uma ocasião tão propícia quanto a assembleia para explicar a toda a comunidade banespiana o momento crítico pelo qual está passando o Cabesp Família e também o plano PAP.

“Lutamos coletivamente para manter a Cabesp e para que o Plano Família fosse criado, não podemos agora deixar cada um dos associados à própria sorte para que busquem no mercado um plano que caiba no bolso, pois é isso que estão deixando desenhado”, conclui Vera, que também é diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

Importante destacar também que o estudo atuarial mostrou que o plano virou uma bola de neve: “o custo aumenta, os mais jovens e saudáveis estão deixando o Cabesp Família, quem fica são os mais idosos e doentes e, com menos dinheiro entrando, maior a despesa para ser dividida entre os usuários”, aponta Maria Rosani, que é também diretora do Sindicato. “Entendemos que o papel da diretoria da Cabesp, principalmente dos eleitos é discutir, apresentar os cenários e quais as soluções possíveis para o problema, conclui.

Criação de Conselho de Usuários

Os usuários do Cabesp Família estão muito preocupados com o futuro e a viabilidade do plano. No sentido de colaborar na busca por alternativas para esse plano e também para os demais que a entidade administra, os sindicalistas propuseram a criação de um Conselho de Usuários, nos moldes da Cassi (caixa beneficente do Banco do Brasil), onde o fórum teria papel consultivo, visando auxiliar na gestão da entidade e dar voz aos associados e mais transparência.

No entanto, a proposta foi prontamente rejeitada, “pois não está previsto no estatuto da Cabesp e sua criação só seria possível com uma alteração do mesmo”, segundo Prupest.

Em resposta à negativa, o secretário-geral da Afubesp, Walter Oliveira, argumentou que não haveria a necessidade de uma reforma estatutária, porque o fórum seria consultivo. Ele usou o Banesprev como exemplo, no caso da criação do Plano V, em 2006, embora também não houvesse nenhuma previsão no estatuto do Fundo e nem nos documentos de aprovação da criação do plano.

“Naquele momento nós, como eleitos, propomos que se criasse o Comitê Gestor do Plano V e depois expandimos para os demais planos. O órgão, além de auxiliar na gestão, procura alternativas para solucionar conflitos, ajuda na transparência da entidade com divulgação de notícias e até transfere responsabilidade maior para as associações”, disse Oliveira.

Maria Rosani e Vera Marchioni informaram que irão formalizar a solicitação da criação do Conselho de Usuários junto ao Santander para que o tema seja incluso na negociação com o banco sobre a renovação do acordo aditivo.

O entendimento é que os associados e usuários da Cabesp precisam se aproximar mais da entidade, compreender a sua dinâmica e funcionamento, opinar sobre a rede credenciada, fazer parte e ajudar na busca de soluções.

Para Wagner Cabanal, “a entidade só tem a ganhar com a criação do conselho de usuários, pois quanto mais pessoas conhecendo e tentando achar solução para a situação complicada que estamos atravessando, melhor. Temos que tentar encontrar uma saída coletiva, as ações individuais não resolvem o problema”.

Cabanal completa: “apesar de tudo, achamos que é um tiro no pé ajuizar ação judicial para não pagar o reajuste, porque isso pode inviabilizar o plano, piorar a situação”.

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