BB tem lucro recorde de R$ 12,2 bi, expande crédito mas aumenta tarifas

Mesmo atuando como agente do governo federal para aumentar a oferta de crédito e reduzir os juros e o spread, junto com a Caixa Econômica Federal, e fazendo provisionamento excessivo para devedores duvidosos, o Banco do Brasil apresentou lucro líquido nominal recorde de R$ 12,2 bilhões em 2012, uma alta de 0,65% em relação ao ano anterior. O BB e a Caixa foram os dois únicos que já divulgaram balanço a aumentarem o lucro líquido em relação a 2011.

Quando considerado apenas o quarto trimestre de 2012, o lucro líquido do BB cresceu 45,42%, atingindo R$ 3,97 bilhões. A reversão de R$ 476 milhões nas provisões para crédito de liquidação duvidosa e a alienação de imóveis, num montante R$ 1,1 bilhão, foram determinantes para esse resultado no último trimestre. O retorno anualizado sobre o patrimônio líquido médio (RSPL) foi de 19,8%.

Pelo conceito de lucro líquido ajustado (o que exclui eventos extraordinários), o resultado do BB no ano passado foi de R$ 11,5 bilhões, com queda de 1,9% em 12 meses. Esse resultado foi significativamente influenciado pelo montante das perdas atuariais do Plano de Benefícios da Previ, que caiu 54,5% (em números absolutos recuou R$ 1,6 bilhão, em relação a dezembro de 2011).

Veja aqui análise do balanço do BB feita pelo Dieese.

A carteira de crédito ampliada atingiu R$ 580,8 bilhões em dezembro, com expansão de 24,9% no ano e 9,1%, em relação ao terceiro trimestre. A carteira de Pessoa Física (com 26,3% da carteira total) apresentou crescimento de 16,8% no ano, com maior peso nos empréstimos consignados (de menor risco), que cresceram 14,3%. Merece destaque o crescimento do crédito imobiliário, com alta de 69% frente a dezembro de 2011 e de 19,8% no último trimestre do ano.

Mas se o BB reduziu juros e spread seguindo orientação do governo, as receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias cresceram 15,5% no ano, atingindo R$ 21,1 bilhões. As despesas de pessoal cresceram 10,7%, chegando a R$ 16,5 bilhões. Com isso, a cobertura das despesas de pessoal por estas receitas secundárias do banco passou de 122,32% para 127,68%.

O BB abriu 99 novas agências em 2012, passando para 5.362. O número de funcionários passou de 113.810 para 114.182, o que significa que, em um ano, o banco abriu apenas 372 novos postos de trabalho para uma demanda que cresceu muito mais. Além disso, fechou 298 postos de trabalho nos últimos três meses de 2012.

“Um banco público como o BB não pode seguir o péssimo exemplo dos bancos privados, reduzindo custos e funcionários e aumentando receitas com majoração de tarifas para compensar a redução de juros e spread”, critica Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.

PDD aumenta, mesmo com inadimplência estável

O indicador de inadimplência do BB acima de 90 dias permaneceu praticamente estável em 2,05% (1,77%, excluindo-se as operações do Banco Votorantin) e abaixo do apresentado pelo sistema financeiro nacional, que atingiu 3,64% no mesmo período.

Apesar disso, as despesas de PDD cresceram 15,84% em relação a dezembro de 2011, chegando a R$ 13,9 bilhões – maior que o lucro líquido do ano.

“A exemplo dos bancos privados, o BB também maquiou o balanço com o superdimensionamento das provisões para devedores duvidosos diante de uma inadimplência estável, o que vai impactar na PLR dos funcionários”, afirma Carlos Cordeiro.

A carteira Pessoa Jurídica cresceu 30,3% em 12 meses, com destaque para as operações de crédito para micro e pequenas empresas, com alta de 30,7% em 2012. A carteira de crédito no exterior atingiu R$ 46,4 bilhões, com crescimento de 32,8% em relação a dezembro de 2011.

A carteira de agronegócio teve alta de 20,8%. O Banco do Brasil tem 62,5% de participação de mercado neste segmento de crédito. As linhas Pronaf e Pronamp cresceram, respectivamente, 20,7% e 66,1%.
Os ativos totais do Banco do Brasil superaram R$ 1,15 trilhão, o que representou expansão de 17,3% sobre dezembro de 2011.

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