Derrotados nos debates, empresários ameaçavam abandonar encontro
Nesta sexta-feira (10), diante da incapacidade de vencer democraticamente a mobilização dos trabalhadores e após ser derrotada em diversas propostas, a bancada dos empresários esperneou e ameaçou tirar o time de campo, em uma verdadeira demonstração do que entende por democracia. Mas, acabou recuando e resolveu permanecer na 1ª Conferência do Emprego e Trabalho Decente, que acontece desde quarta-feira (8), em Brasília.
Após choramingarem ao ministro do Trabalho e Emprego, Brizola Neto, responsável por intermediar a negociação, que a expectativa era aprovar ao menos 22% das proposições, reduzida para 5% diante da articulação sindical, os patrões atrelaram a continuidade da participação a uma mudança no encaminhamento dos debates.
Na plenária final que acontece neste sábado (11), as votações não levarão em conta a totalidade das propostas. Até porque, as discussões nos grupos de trabalho (GTs), que deveriam acontecer nesta sexta-feira (10), não ocorreram, já que houve boicote dos empregadores.
Reunidos nesta noite, representantes das bancadas de trabalhadores, governo e empresários irão definir os pontos prioritários que constarão no documento a ser votado.
Trabalhadores não irão retroceder
Para o movimento sindical, temas como a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e o combate ao interdito proibitório, além de eixos relativos ao fim das práticas antissindicais são inegociáveis e a estimativa é que exista acordo com a maioria dos representantes de governos e da sociedade civil para aprovar a pauta com ampla maioria.
Secretária das Mulheres da CUT e uma das representantes da Central na Comissão Organizadora Nacional, Rosane Silva destacou que a estratégia patronal não será capaz de desmobilizar os trabalhadores, irredutíveis na defesa dos direitos e no objetivo de encerrar a conferência com a ampliação de conquistas.
“Essa conferência teve início e vai ter fim porque não iremos abandonar esse espaço. É uma questão de princípios para nós avançar em direitos e democratizar as relações trabalhistas. A classe trabalhadora, de fato, vai ter uma agenda de trabalho decente que inclua quem está fora do mercado do trabalho formal, as mulheres, os jovens e os negros”, afirmou.
Estratégia articulada
A confusão desta sexta já desenhava-se nos trabalhos dos grupos na quinta (9). Enquanto no GT de número 2, que debateu “Negociação Coletiva e Políticas de Valorização do Salário Mínimo”, as propostas sequer foram votadas, devido a diversos conflitos, no número 1, sobre “Igualdade de Oportunidades e de Tratamento, especialmente para Jovens, Mulheres e População Negra”, a bancada patronal resolveu retirar-se mediante derrotas em todos os temas.
“Por não fazerem nem 30% em nenhuma votação – o mínimo exigido para a proposta ir à plenária de eixos, que deveria acontecer nesta sexta -, eles propuseram acordo de não fazer discussão nenhuma, de apontar que perderam todas, com dissenso. Para eles, os trabalhadores, o governo e a sociedade civil poderia fazer a redação do jeito que a gente quisesse e encaminharia para o debate”, comenta a secretária executiva da CUT, Rosana de Deus, uma das delegadas presentes no grupo.
Caso tudo transcorra normalmente, sem novas tentativas de golpe, a primeira conferência do mundo do trabalho define na tarde deste sábado as diretrizes da Agenda e do Plano Nacional de Trabalho Decente. Nessa última etapa, somente 50% dos votos mais um garantem a aprovação de propostas.